São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2005

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EUA

Depois das críticas por sua reação ao Katrina, Bush pede que americanos se preparem; furacão deverá chegar ao Texas até sábado

Furacão Rita obriga 1 milhão a se retirar

Kevin Bartram/"Galveston County Daily News"/Associated Press
Ônibus escolares ajudam a tirar pessoas de Galveston (Texas) devido à aproximação do furacão Rita, que atingiu o nível mais alto


IURI DANTAS
DE WASHINGTON

O furacão Rita atingiu no final da tarde de ontem a categoria máxima de 5, com ventos de mais de 265 km/h, depois de um dia inteiro ganhando força nas águas mornas do golfo do México. Cerca de 1 milhão de moradores dessa costa nos EUA recebeu ordens para deixar suas casas e procurar abrigos no interior.
Entre os que tiveram de se deslocar estão desabrigados pelo Katrina no final de agosto que foram levados para Houston. Entre o Katrina e o Rita, os EUA foram atingidos pelo Ophelia, que chegou à Carolina do Norte na semana passada e causou prejuízos de US$ 34 milhões.
De acordo com a previsão do Centro Nacional de Furacões, o Rita pode ganhar mais intensidade nas próximas horas.
Os cerca de 260 mil moradores de Galveston (Texas) receberam ordens para deixar o local, pois a cidade pode ficar totalmente submersa entre a noite de amanhã e a madrugada de sábado, quando o furacão deverá chegar. Galveston fica numa ilha 2,4 metros acima do nível do mar. O Rita poderá causar inundações de até 5,5 m.
O Consulado do Brasil em Houston, a 85 km da costa do Texas, preparou também um plano para retirar seus funcionários e atender provisoriamente em Dallas, caso seja necessário. Diplomatas brasileiros pediram ajuda a pastores evangélicos locais para organizar uma lista de telefones de cidadãos do país que moram na região de Houston, para que fique mais fácil encontrá-los.
Até hoje, apenas três furacões de categoria mais intensa atingiram os EUA -o Andrews foi o último, em 1992. No último dia 29 de agosto, o Katrina chegou a Nova Orleans com o nível 4, depois de algumas horas com ventos mais fortes. Os furacões são classificados pela escala Saffir-Simpson, de acordo com a velocidade dos ventos. As categorias vão de 1 (de 119 km/h a 153 km/h) a 5 (de mais de 248 km/h).
O Rita terminou o dia de anteontem no nível 2, com ventos de até 175 km/h. Sua passagem pelo golfo do México, onde ganhou força e elevou-se para a categoria 5, repete o comportamento do Katrina, que chegou à Flórida e depois voltou ao oceano.
Nova Orleans (Louisiana), que ainda se recupera dos danos causados pelo Katrina, também foi esvaziada. As Forças Armadas temem que as chuvas provocadas pela passagem do Rita deteriorem os diques improvisados e que a cidade volte a ficar praticamente submersa. Mais de 70% de Nova Orleans fica abaixo do nível do mar. São diques artificiais que a impedem de ser inundada pelas águas do lago Pontchartrain.

Preparação
Escaldado com as críticas sobre a lentidão da ajuda às vítimas do Katrina, o presidente dos EUA, George W. Bush, determinou que as equipes militares e civis se preparassem com antecedência para o cenário pós-Rita. Tropas da Guarda Nacional e equipes médicas e de resgate estão de prontidão. Água, comida e remédios permanecem estocados.
"Peço aos cidadãos para ouvirem cuidadosamente e seguirem as instruções dadas por autoridades locais e estaduais", afirmou o presidente, além de pedir que todos "se preparem para o pior".
Hospitais e asilos também receberam atenção especial desta vez, depois que 154 cadáveres foram encontrados em locais como esse em Nova Orleans. Doentes e idosos passaram o dia de ontem sendo removidos para locais mais seguros no interior do Texas.
O setor financeiro também acompanha cautelosamente o curso do novo furacão. Cerca de 26% do parque de refino de petróleo dos EUA fica localizado na rota traçada para o Rita pelo Centro Nacional de Furacões.


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