São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2005

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Desabrigados pelo Katrina fogem do Rita

RALPH BLUMENTHAL
DO "NEW YORK TIMES", EM HOUSTON

A aproximação do furacão Rita motivou o esvaziamento obrigatório, anteontem, dos abrigos públicos de Houston, ocupados há apenas três semanas. Os sobreviventes ainda confusos e perdidos do Katrina foram mandados para o Arkansas, para a estação rodoviária, ao aeroporto e, no caso de alguns, para apartamentos pagos e mobiliados na própria região de Houston.
Aglomerados sob o sol quente, cercados pelos objetos que conseguiram salvar de suas casas, os refugiados que se preparavam para deixar um dos abrigos, na Reliant Arena, pareciam estar resignados à nova partida, embora alguns deles tivessem momentos de revolta.
As autoridades da prefeitura e do Condado, que logo após a catástrofe de Nova Orleans acionaram rapidamente uma burocracia imensa para receber mais de 27 mil sobreviventes, disseram que os refugiados que estão deixando os abrigos agora não serão levados a locais em que possam correr riscos em razão da tempestade que se aproxima.
Mas disseram que talvez sejam obrigadas a transferir pessoas que haviam sido levadas anteriormente a hotéis e motéis em áreas próximas à costa.

Saída obrigatória
Com o caminho do novo furacão ainda incerto, a cidade de Galveston, que ainda ostenta as marcas do grande furacão de setembro de 1900 -a maior catástrofe natural a ter atingido os EUA, que deixou pelo menos 6.000 mortos-, ordenou a saída obrigatória de sua população a partir das 18h de ontem.
Nos últimos dias, os sobreviventes do Katrina que tinham sido abrigados no Astrodome e na Reliant Arena, além do vizinho centro de exposições Reliant Center e do centro de convenções George R. Brown, estavam concentrados em sua maioria na arena, que finalmente foi esvaziada anteontem.
O dia foi especialmente cansativo para as últimas centenas de pessoas remanescentes na arena. As famílias passaram o dia sentadas sobre pacotes de seus pertences. Mulheres grávidas e pessoas feridas aguardavam em cadeiras de rodas. Voluntários da Cruz Vermelha passavam entre a multidão, entregando água fria e pastéis às pessoas.

Passagens grátis
Cerca de 500 pessoas que se inscreveram para conseguir apartamentos e que os conseguiram faziam filas para os ônibus e táxis que as levariam até eles.
Outras embarcavam em ônibus de turismo que as levariam até Ellington Field, de onde iriam de avião até um novo abrigo em Fort Chaffee, Arkansas, ou ao aeroporto George Bush, onde a Continental Airlines oferecia passagens gratuitas para quem quisesse fugir.
Ainda outras procuravam caronas até o terminal rodoviário, onde também encontrariam passagens gratuitas.


Tradução de Clara Allain

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