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HUNGRIA
Onda de ameaças de bomba acentua a crise política
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE BUDAPESTE
Num clima de pressão pela
renúncia do primeiro-ministro Ferenc Gyurcsany, que
mentiu sobre as contas públicas, uma das principais estações de trem no lado leste
de Budapeste precisou ser
evacuada no início da manhã
de ontem, por causa de suspeitas de bomba. A polícia
reabriu a estação depois que
nenhum explosivo foi encontrado.
Com a repressão policial
intensificada nas últimas
48h, os protestos contra o
governo diminuem de intensidade, dando lugar a um cenário que causa apreensão:
ameaças de explosivos em locais públicos. Boatos e cartas
anônimas têm levado a polícia a esvaziar edifícios e a
adiar eventos. Em pontos da
capital, cercas policiais bloqueiam a passagem de carros
ou pedestres.
O Partido Socialista (do
premiê) acusa a direita conservadora (Fidesz) de promover e encorajar a violência nos protestos. Viktor Orban, principal nome do Fidesz e ex-premiê do país, respondeu em entrevista à TV
estatal que as acusações "são
infundadas, que apenas provam como o país está sem
controle e sem governo".
O Fidesz tem rejeitado
qualquer tentativa de negociar o fim da oposição ao governo, afirmando que "a
atual administração tornou-se ilegítima após o primeiro-ministro admitir que mentiu
aos eleitores". Uma das propostas do Fidesz é de criar
uma espécie de Assembléia
Constituinte, com "especialistas" e representantes de
vários partidos tomando as
rédeas do país.
A proposta é rejeitada pelo
premiê, que na próxima semana deve levar a Bruxelas
(sede da Comissão Européia)
a versão final do plano de reformas econômicas e sociais
que o governo deve implementar, a fim de que a Hungria cumpra as exigências da
UE para reduzir o déficit público, um dos maiores do bloco.
(PAULO REBÊLO)
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