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Convite a Rumsfeld revolta campus na Califórnia
Alunos e professores de Stanford protestam após indicação de ex-secretário da Defesa de Bush como pesquisador
Republicano, um arquiteto da Guerra do Iraque, será consultor sobre ideologia em instituição conservadora ligada à universidade
JONATHAN D. GLATER
DO "NEW YORK TIMES"
A indicação do ex-secretário
da Defesa norte-americano Donald Rumsfeld como pesquisador associado ("fellow") da
Hoover Institution causou protestos entre professores e alunos da Universidade de Stanford, na Califórnia, e ameaça
acirrar as tensões entre a instituição de pesquisa, de inclinação conservadora, e o espírito
liberal que domina o campus.
Cerca de 2.100 professores,
funcionários, alunos e ex-alunos assinaram uma petição on-line em protesto contra a indicação de Rumsfeld, cujas funções envolveriam servir como
consultor para um grupo de
trabalho sobre ideologia e terrorismo. Muitos deles dizem
que o posto não deveria ser oferecido a ele devido ao papel que
exerceu na guerra no Iraque.
"Consideramos a indicação
incompatível com os valores
éticos de veracidade, tolerância, pesquisa imparcial, respeito pelas leis nacionais e internacionais e apreço pelas opiniões, propriedades e vidas de
terceiros para com os quais
Stanford tem um compromisso
inalienável", diz a petição.
"É inaceitável termos a presença de alguém que represente os valores identificados com
Rumsfeld em um ambiente
acadêmico", disse Philip Zimbardo, professor emérito de
psicologia e responsável por
uma famosa experiência psicológica em Stanford, em 1971, na
qual constatou que alunos que
interpretavam o papel de guardas de prisão tornavam-se sádicos em relação a alunos que interpretavam prisioneiros.
Em seu mais novo livro, ele
critica Rumsfeld, o presidente
George W. Bush e o vice-presidente Dick Cheney pela adoção
de políticas que, a seu ver, contribuíram para os maus-tratos
e a tortura de detentos na prisão de Abu Ghraib, no Iraque.
"Especialista"
John Raisian, diretor da
Hoover, defendeu a indicação
alegando que Rumsfeld é especialista nos temas que o grupo
de trabalho estudará. "Eu o indiquei porque ele tem três décadas de experiência e de serviços notáveis ao país, especialmente nos últimos anos, no que
concerne à questão da ideologia e do terrorismo", disse.
Indicações de curto prazo como essa -a de Rumsfeld vale
por um ano- pela instituição
ou por um departamento acadêmico não requerem o mesmo
processo extenso que a concessão de uma cátedra.
Jeffrey Wachtel, assistente-sênior do reitor de Stanford,
disse que a universidade "não
julga seus departamentos"
quanto a quem eles convidam e
que, pela liberdade de expressão, reluta em coibir "fellows".
A Hoover sempre teve uma
relação estreita com governos
republicanos como o de Bush.
Como outras escolas de pós-graduação, ela opera de maneira independente da universidade, dotada de verbas e mecanismos de arrecadação próprios,
mas é parte de Stanford.
Rumsfeld não lecionará e
provavelmente fará de três a
cinco visitas ao campus para
aconselhar o grupo de estudo,
cujos membros incluem o ex-secretário de Estado George
Shultz e e o estudioso de Oriente Médio Fouad Adami.
Alguns alunos dizem que,
embora discordem das políticas de Rumsfeld, estão curiosos
quanto ao que ele teria a dizer.
Já os que se opõem à indicação
ainda planejam os protestos
que farão após o início das aulas, na próxima semana.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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