São Paulo, sábado, 22 de setembro de 2007

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Blackwater atirou sem provocação, diz Iraque

Investigação do Ministério do Interior conclui que os seguranças são "100% culpados" pelas mortes de 20 iraquianos

Mesmo após críticas do país árabe, a empresa de segurança americana voltou a escoltar diplomatas dos EUA em comboios ontem

DO "NEW YORK TIMES", EM BAGDÁ

O Ministério do Interior do Iraque concluiu ontem que funcionários da Blackwater USA, uma empresa de segurança privada norte-americana, dispararam uma saraivada de tiros sem provocação em um episódio no domingo, quando morreram 20 iraquianos, segundo o governo local.
Apesar da conclusão da investigação, diplomatas americanos voltaram a usar a proteção da Blackwater ontem, na escolta de comboios fora da Zona Verde -área fortemente protegida de Bagdá. Não ficou claro se as autoridades iraquianas aprovaram a decisão. Uma porta-voz da Embaixada dos Estados Unidos no Iraque confirmou que um número limitado de diplomatas viajou para fora da Zona Verde "provavelmente" acompanhados por guardas da Blackwater.
"Como regra geral, de forma limitada, a Blackwater está operando", disse. Ela afirmou ainda, em termos vagos, que "esta decisão foi tomada após consulta com as autoridades iraquianas." Lideranças do Iraque não comentaram o assunto.
Os comboios praticamente pararam na terça-feira, quando o governo iraquiano proibiu a Blackwater USA de operar no país. Segundo membros da embaixada americana, porém, há poucas alternativas à empresa.

Tiroteio
O Ministério do Interior iraquiano disse que guardas de segurança da Blackwater dispararam contra iraquianos em seus carros, no meio do trânsito do meio-dia. O documento conclui que dezenas de empresas estrangeiras de segurança que atuam no Iraque devem ser substituídas por firmas iraquianas e que a lei que conferiu imunidade às empresas por anos deve ser revogada. Quatro dias após o tiroteio, autoridades americanas disseram que ainda estão preparando sua própria análise forense do que aconteceu. No relato do Ministério do Interior do Iraque -ao qual o "New York Times" teve acesso na quinta-feira-, investigadores iraquianos confiaram nos depoimentos das quatro pessoas que consideraram ser mais dignas de crédito. O relato diz que, assim que os guardas tomaram posição em quatro pontos da praça, começaram a atirar, matando um motorista que ignorou a ordem de parar dada por um policial.
"Esta investigação leva à conclusão de que a empresa Blackwater é 100% culpada", conclui o documento. A versão iraquiana pode ser enviesada. O relatório afirma que nenhum iraquiano atirou contra os guardas da Blackwater, embora nos últimos dias várias testemunhas tenham dito que comandos iraquianos postados numa torre de vigia efetuaram disparos.
A Blackwater, em seu único comunicado, disse que militantes emboscaram seus guardas. Se os relatos sobre disparos efetuados por iraquianos forem precisos, a dúvida central será quando esses tiros começaram. A investigação dos americanos vai girar em torno do timing e da interpretação das fontes de disparos.


Tradução de CLARA ALLAIN


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