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Blackwater atirou sem provocação, diz Iraque
Investigação do Ministério do Interior conclui que os seguranças são "100% culpados" pelas mortes de 20 iraquianos
Mesmo após críticas do
país árabe, a empresa de segurança americana voltou a escoltar diplomatas dos EUA em comboios ontem
DO "NEW YORK TIMES", EM BAGDÁ
O Ministério do Interior do
Iraque concluiu ontem que
funcionários da Blackwater
USA, uma empresa de segurança privada norte-americana,
dispararam uma saraivada de
tiros sem provocação em um
episódio no domingo, quando
morreram 20 iraquianos, segundo o governo local.
Apesar da conclusão da investigação, diplomatas americanos voltaram a usar a proteção da Blackwater ontem, na
escolta de comboios fora da Zona Verde -área fortemente
protegida de Bagdá. Não ficou
claro se as autoridades iraquianas aprovaram a decisão.
Uma porta-voz da Embaixada dos Estados Unidos no Iraque confirmou que um número
limitado de diplomatas viajou
para fora da Zona Verde "provavelmente" acompanhados
por guardas da Blackwater.
"Como regra geral, de forma limitada, a Blackwater está operando", disse. Ela afirmou ainda, em termos vagos, que "esta
decisão foi tomada após consulta com as autoridades iraquianas." Lideranças do Iraque
não comentaram o assunto.
Os comboios praticamente
pararam na terça-feira, quando
o governo iraquiano proibiu a
Blackwater USA de operar no
país. Segundo membros da embaixada americana, porém, há
poucas alternativas à empresa.
Tiroteio
O Ministério do Interior iraquiano disse que guardas de segurança da Blackwater dispararam contra iraquianos em seus
carros, no meio do trânsito do
meio-dia. O documento conclui
que dezenas de empresas estrangeiras de segurança que
atuam no Iraque devem ser
substituídas por firmas iraquianas e que a lei que conferiu
imunidade às empresas por
anos deve ser revogada.
Quatro dias após o tiroteio,
autoridades americanas disseram que ainda estão preparando sua própria análise forense
do que aconteceu.
No relato do Ministério do
Interior do Iraque -ao qual o
"New York Times" teve acesso
na quinta-feira-, investigadores iraquianos confiaram nos
depoimentos das quatro pessoas que consideraram ser
mais dignas de crédito.
O relato diz que, assim que os
guardas tomaram posição em
quatro pontos da praça, começaram a atirar, matando um
motorista que ignorou a ordem
de parar dada por um policial.
"Esta investigação leva à conclusão de que a empresa Blackwater é 100% culpada", conclui
o documento.
A versão iraquiana pode ser
enviesada. O relatório afirma
que nenhum iraquiano atirou
contra os guardas da Blackwater, embora nos últimos dias
várias testemunhas tenham dito que comandos iraquianos
postados numa torre de vigia
efetuaram disparos.
A Blackwater, em seu único
comunicado, disse que militantes emboscaram seus guardas.
Se os relatos sobre disparos efetuados por iraquianos forem
precisos, a dúvida central será
quando esses tiros começaram.
A investigação dos americanos
vai girar em torno do timing e
da interpretação das fontes de
disparos.
Tradução de CLARA ALLAIN
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