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TENSÃO
Ministros francês, alemão e britânico obtêm concessão em visita a Teerã; EUA dizem que querem ver promessa se concretizar
Pressionado, Irã pára de processar urânio
DA REDAÇÃO
Na presença dos ministros do
Exterior de França, Reino Unido e
Alemanha, o Irã concordou ontem em suspender seu programa
de enriquecimento de urânio e a
assinar um protocolo adicional ao
Tratado de Não-Proliferação Nuclear, o que permitiria à AIEA
(Agência Internacional de Energia Atômica), ligada à ONU, inspeções mais frequentes e aprofundadas a suas instalações.
Os EUA, que têm mantido forte
pressão sobre o regime iraniano,
reagiu à decisão com ressalvas, dizendo que a promessa iraniana
deve se traduzir em fatos concretos. Trata-se de "um passo que
apenas será positivo se for integralmente implementado", disse
Scott McClellan, porta-voz do
presidente George W. Bush.
A decisão iraniana interrompe
um cerco diplomático que poderia mais uma vez levar o país ao
isolamento internacional. Os
EUA colocaram o Irã num "eixo
do mal" -junto com a Coréia do
Norte e o Iraque pré-guerra- e
vinham ameaçando buscar sanções internacionais contra o país.
A AIEA estipulara o próximo
dia 31 como prazo final para que a
República islâmica abrisse suas
instalações a inspeções detalhadas e fornecesse o histórico completo de suas atividades nucleares.
Os ministros Jack Straw (britânico), Dominique de Villepin
(francês) e Joschka Fischer (alemão) decidiram viajar ao Irã para
convencer o país a evitar o impasse. Os três reuniram-se por quatro
horas com dirigentes iranianos,
incluindo o presidente do país,
Mohamad Khatami.
Straw foi quem reagiu de modo
mais cauteloso à concessão iraniana. "O que importa não são os
termos do comunicado [conjunto], mas a forma pela qual o Irã
cumprirá suas obrigações com a
agência [AIEA]", disse ele.
Na declaração assinada com os
ministros europeus, o secretário
do Conselho Supremo de Segurança Nacional, Hassan Rowhani,
reafirmou "que a produção de armas nucleares não faz parte da
doutrina de defesa iraniana".
Rowhani disse que a suspensão
do enriquecimento de urânio era
uma decisão unilateral iraniana e
que seu governo poderia revogá-la no momento apropriado.
"É possível que tomemos essa
decisão dentro de um dia ou dentro de um ano. O importante é sublinhar que a decisão nos pertence", afirmou Rowhani, em declaração aparentemente destinada a
confortar as alas mais radicais do
público e do regime iraniano.
O país alega que o objetivo de
seu programa nuclear é produzir
energia, embora o país tenha
grandes reservas de petróleo.
A questão nuclear é vista como
tabu pelas lideranças xiitas mais
ortodoxas, enquanto o presidente
reformista é favorável a concessões que favoreçam a reinserção
iraniana na comunidade internacional. Villepin procurou aparentemente reagir de modo a reforçar
a posição de Khatami e seu grupo.
"O dia hoje é muito importante.
Proliferação é um problema
maior para o mundo, e agora encontramos uma solução para
uma questão pendente", disse.
França, Alemanha e Reino Unido haviam proposto fornecer urânio enriquecido ao Irã, para que o
país não precisasse enriquecer seu
próprio combustível. A Rússia,
principal colaboradora do programa iraniano -apesar das
pressões dos EUA-, também se
comprometeu a fazer o mesmo.
Ganhar tempo
Em Londres, Rosemary Hollis,
do Instituto Real para Assuntos
Internacionais, disse ter sido dado
só um primeiro passo para aliviar
a crise e que o Irã ganhou tempo.
"Os iranianos crêem que o desenvolvimento de alguma capacidade [nuclear] é de seu interesse nacional. Não vêem razão para não
tê-la, especialmente vendo o que
ocorre na Coréia do Norte: tendo
capacidade nuclear, todos as negociações são possíveis e as ações
militares são menos prováveis."
Para a analista, a concessão feita
ontem em Teerã não é suficiente
para tranquilizar a administração
americana.
Já David Albright, ex-inspetor
de armas da ONU e pesquisador
do Instituto de Ciência e Segurança Internacional, disse que os
EUA deveriam aprender com a
missão européia que a política de
engajamento é mais efetiva do
que as ameaças de Washington.
"O Irã está respondendo. Creio
que isso deveria levar os EUA a
pelo menos repensar sua política
isolacionista em relação ao Irã."
Com agências internacionais
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