São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Blair pode enfrentar maior oposição interna ao enviar 850 britânicos a áreas mais perigosas do país

Tropas britânicas socorrem EUA em Bagdá

France Presse
Foto divulgada pelo Exército dos EUA mostra equipe da Swat do Iraque, composta por iraquianos, que está sendo treinada pelas forças americanas contra o terror

DA REDAÇÃO

Em um passo repleto de riscos para o premiê Tony Blair, o Reino Unido acatou pedido dos EUA e concordou ontem em deslocar 850 soldados do sul do Iraque para áreas próximas a Bagdá.
A medida faz parte dos esforços da coalizão liderada pelos EUA de pacificar o Iraque antes das eleições gerais de janeiro. Com os britânicos mais próximos de Bagdá, os americanos poderão focar suas ações contra bastiões dos insurgentes, como o Triângulo Sunita.
Mas parlamentares britânicos -muitos deles contrários à guerra- ficaram irritados com o deslocamento dos soldados, temendo um crescimento substancial no número de baixas.
Alguns parlamentares do Partido Trabalhista, do premiê, afirmaram que Blair está agindo para fortalecer a candidatura do presidente George W. Bush nos EUA.
O ministro da Defesa britânico, Geoff Hoon, disse que os militares serão removidos de suas bases no sul do Iraque para uma região volátil perto de Bagdá, onde insurgentes sunitas têm cometido ataques diários contra tropas americanas e forças iraquianas.
Segundo o ministro, os militares devem permanecer nas proximidades de Bagdá por um curto período, de "semanas, não meses". O chefe das forças britânicas, general Michael Walker, disse que o deslocamento deve durar no máximo "30 dias".
Em Washington, o governo Bush comemorou a decisão do Reino Unido. "Nós apreciamos a contribuição", disse o porta-voz da Casa Branca Scott McClellan. O Departamento de Estado, por meio do porta-voz Richard Boucher, elogiou o papel do Reino Unido na coalizão militar.
A medida britânica é politicamente sensível para Blair, cuja popularidade está em queda devido ao seu apoio à Guerra do Iraque.
O Reino Unido possui 8.500 soldados baseados nos arredores da cidade portuária de Basra, no sul do Iraque, onde a situação atual é menos tensa. Até agora, 68 soldados britânicos morreram no Iraque -mais de mil americanos já foram mortos.
Em mais um dia de violência, insurgentes iraquianos dispararam obuses que caíram perto do local onde estava o premiê iraquiano, Iyad Allawi, em Mossul (norte). Não houve feridos.
Em outro episódio, sete pessoas morreram e três ficaram feridas em bombardeios americanos à noite em Fallujah. Um ônibus que levava funcionárias da Iraq Airways ao aeroporto de Bagdá foi atacado. Uma delas morreu.

ONU
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmou que as constantes investigações e discussões sobre o programa petróleo por comida no Iraque têm provocado danos à imagem das Nações Unidas. "Não há dúvida de que a campanha e as discussões ferem [a imagem] da ONU. Isso é algo de que nós não gostaríamos."
"E é por isso que nós queremos ir a fundo e esclarecer tudo o mais rápido possível", acrescentou.
A primeira medida para apressar as investigações internas da ONU foi o anúncio de 248 companhias que receberam petróleo do Iraque e de 3.545 que exportaram bens para o regime de Saddam Hussein. O anúncio foi feito por Paul Volcker, ex-presidente do Fed (Banco Central dos EUA), que comanda uma comissão que investiga o programa da ONU que custou US$ 67 bilhões e foi implantado em 1996 no Iraque, durando até março de 2003.

Com agências internacionais


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