São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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A QUEDA

Ditador pede "perdão" por ter caído e faz seu próprio diagnóstico; porta-voz americano diz não desejar rápida recuperação

Ao vivo na TV, Fidel cai e quebra o joelho

DA REDAÇÃO

Aos 78 anos, o ditador cubano, Fidel Castro, caiu. Mas apenas por alguns segundos e, aparentemente, sem o envolvimento da CIA, o serviço secreto americano.
Diante de várias câmeras fotográficas e de TV e após descer de uma improvisada escada de um palanque onde havia discursado, o ditador não percebeu um pequeno degrau e caiu estrondosamente de bruços diante de um público estupefato.
Suando muito e com expressões de dor, o próprio Fidel fez seu diagnóstico logo após o já histórico tombo: "Eu lhes peço perdão por ter caído. Tenho uma fratura no joelho e talvez uma no braço, mas estou inteiro", disse Fidel.
Nos últimos anos, a saúde do septuagenário ditador tem alimentado especulações sobre quanto tempo ainda viverá.
Vestindo o tradicional uniforme verde-oliva, Fidel, há 45 anos no poder, disse que não deixará o comando por causa do acidente.
"Como podem ver, posso falar e, ainda que me engessem, posso continuar o meu trabalho", afirmou Fidel, sentado numa cadeira.
O acidente ocorreu anteontem à noite na praça Ernesto Che Guevara em Santa Clara, 280 km a leste de Havana. O líder cubano havia acabado de concluir um discurso de cerca de uma hora para uma turma de recém-formados de uma escola de artes.
O tropeço de Fidel foi transmitido ao vivo pela TV estatal cubana, o que gerou uma tensa expectativa em todo o país para entender o que havia ocorrido.
Uma sucessão de imagens em que foram mostrados rostos tensos e gestos de incredulidade, agentes de segurança correndo de um lado para outro e ministros apavorados se prolongou por mais de cinco minutos.
Segundo o jornal oficial "Granma", o fato de Fidel ter colocado seu braço direito sobre o rosto impediu "o que teria sido um forte impacto no rosto e no crânio".
Uma nota oficial repetiu o autodiagnóstico de Fidel feito logo após o tombo: o ditador fraturou o joelho esquerdo e teve uma fissura no braço direito, mas "seu estado geral de saúde é bom, e seu estado de ânimo, excelente".

EUA não lamentam queda
O porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher, disse que as feridas de Fidel são "pouco preocupantes" em comparação com o sofrimento do povo cubano e se negou a desejar melhoras.
Questionado se os EUA desejavam uma rápida recuperação de Fidel, Boucher disse: "Não".
"Vocês terão de perguntar aos cubanos o que está quebrado em Castro. Nós, obviamente, temos dito nosso ponto de vista sobre o que está quebrado em Cuba."
Reação oposta teve o presidente venezuelano, Hugo Chávez, que telefonou ao amigo logo que soube do tropeção -Fidel ainda estava dentro de uma ambulância.
"Fidel me disse na madrugada: "Chávez, acho que teria sido um bom pára-quedista, porque caí de lado e dei meia-volta", disse o líder venezuelano.


Com agências internacionais


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