DA REDAÇÃO

O ministro da Justiça de Israel, Yosef Lapid, disse ontem que os rabinos de extrema direita que têm pedido a soldados que não acatem ordens para desmantelar assentamentos na faixa de Gaza podem provocar uma guerra civil.
A declaração foi dada em meio a um agravamento da tensão em Israel nos dias que antecedem a votação no Knesset (Parlamento) do plano de retirada dos assentamentos da faixa de Gaza. A votação será na terça-feira.
Em entrevista à agência de notícia Reuters, Lapid afirmou: "Chegamos ao limite da paciência com essas declarações que colocam em risco a segurança pública".
"Eu temo que haja um risco de ocorrer uma matança. Espero que isso não se converta em uma guerra civil", disse Lapid, que lidera o partido secular Shinui.
A expectativa é que o plano do premiê Ariel Sharon saia vitorioso da votação no Knesset, apesar de ele não contar com o apoio de partidos religiosos da coalizão.
Sharon deve conseguir entre 64 e 70 votos de um total de 120 cadeiras do Parlamento, graças aos votos do opositor Partido Trabalhista, que é a favor do plano.
Segundo pesquisas, cerca de dois terços da população israelense também estão do lado de Sharon. Porém o premiê teve o seu aparato de segurança incrementado devido ao temor de que ele sofra um atentado cometido por extremistas judeus.
Analistas afirmam que o clima de divisão em Israel hoje é muito parecido com o que antecedeu o assassinato do então premiê, Yitzhak Rabin, em 1995. Na época, ele comandava os acordos de paz com os palestinos.
A Autoridade Nacional Palestina (ANP) não se opõe à saída de Gaza, onde vivem pouco mais de 7.000 colonos, mas diz temer que Israel utilize o plano para se consolidar ainda mais na Cisjordânia.
O Exército de Israel disparou um míssil contra um carro em que viajava o palestino Adnan al Ghoul, que integrava há 15 anos a lista de terroristas mais procurados por Israel. Além dele, outro militante morreu. No início do dia, forças israelenses mataram dois palestinos que tentaram se infiltrar em Israel a partir da faixa de Gaza. Um soldado israelense foi morto em ação do Hamas perto da fronteira com o Egito.