São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2006

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Bush quer mudança de tática no Iraque

Às vésperas de eleição nos EUA e com aumento de americanos mortos na guerra, presidente, sob pressão, consulta generais

Em outubro, 78 soldados americanos morreram no Iraque; frágil politicamente, premiê iraquiano Maliki não consegue controlar milícias

John Gress/Reuters
Manifestantes protestam em Chicago contra guerra no Iraque


DA REDAÇÃO

A menos de três semanas da eleição parlamentar americana e finalmente assumindo que o Iraque vive um estado próximo a uma guerra civil, o presidente americano George W. Bush consultou os principais generais dos EUA, por teleconferência, para ver se há necessidade de "uma mudança de tática". Após a reunião, Bush disse que fará "qualquer alteração necessária" para conter a violência.
Na prática, o presidente quer mudanças e resultados já. "As últimas semanas têm sido duras para nossas tropas e para o povo iraquiano", disse em seu programa semanal de rádio.
O governo planeja estabelecer medidas específicas para que o Iraque combata as disputas sectárias e assuma um papel maior na manutenção da segurança. Segundo uma autoridade ouvida pelo jornal "New York Times", os EUA "tentarão indicar caminhos para os iraquianos", porque "não podem ficar lá para sempre". Entre os planos, está um cronograma com metas específicas, como desarmar as milícias.
Com o anúncio do Exército de mais três mortes, já são 78 os soldados americanos mortos em outubro, o maior índice mensal dos últimos dois anos. O descontentamento do eleitor americano com o caos no Iraque é uma das grandes ameaças ao governo Bush.
O porta-voz militar dos EUA em Bagdá, general William Caldwell, diz que a tática contra a violência implementada há dois meses fracassou. "A violência é de fato desanimadora."
Ontem, num comentário incomum entre as autoridades, o diplomata Alberto Fernandez, do Departamento de Estado, disse à TV Al Jazira, que os EUA haviam mostrado "arrogância" e "estupidez" no país.

Violência xiita
Militantes armados fiéis ao clérigo radical xiita Muqtada al Sadr enfrentaram ontem novamente a polícia iraquiana, um dia após centenas atacarem postos policiais. Um atentado em Mahmoudiya, perto de Bagdá, matou 20 pessoas.
A violência numa região xiita rica em petróleo põe à prova a habilidade do governo iraquiano, liderado por xiitas, de controlar a ação dos grupos acusados de fomentar a violência. Sob pressão americana, o premiê Nuri al Maliki tem prometido combater as milícias. Mas depende politicamente de partidos que têm laços com elas.
Um grupo de estudo formado por republicanos e democratas e liderado pelo ex-secretário de Estado James Baker deve recomendar novas estratégias no mês que vem -entre elas estariam a divisão do Iraque e o anúncio da retirada escalonada das tropas americanas.


Com agências internacionais


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