São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

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Brasil fica em 67º na lista da igualdade entre os sexos

País vai bem no acesso à saúde, mas está atrasado na participação política feminina

Ranking divulgado pelo Fórum Econômico Mundial coloca países nórdicos no topo; nenhum país acabou totalmente com diferenças

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

As grandes diferenças entre homens e mulheres na participação política, nos salários e no nível de educação deixaram o Brasil em 67º lugar no ranking que registra a igualdade entre os sexos em 115 países, divulgado ontem pelo Fórum Econômico Mundial.
O estudo, intitulado Gender Gap Index, utiliza dados da ONU, do Banco Mundial e de pesquisas do próprio fórum para identificar as sociedades mais e menos igualitárias em termos de gênero, a partir de quatro categorias -participação na política e na economia, acesso à educação e à saúde.
O ranking, liderado pelos países nórdicos (veja quadro ao lado), põe o Brasil atrás da maioria de seus vizinhos sul-americanos: Colômbia (21º), Argentina (41º), Venezuela (57º), Peru (60º), Paraguai (64º) e Uruguai (66º) têm mais igualdade entre homens e mulheres.
Nas quatro categorias analisadas, a da igualdade em termos de saúde -que leva em conta a expectativa de vida e a taxa de nascimento de cada sexo- é a única em que o Brasil se sai bem, dividindo a primeira posição com outros 33 países.
Já quando o assunto é participação política, medida pelo número de mulheres ocupando cargos parlamentares, ministeriais e de chefe de Estado, o país cai para o 86º lugar.
Na atividade econômica, a discrepância entre os gêneros também é nítida, especialmente em termos de salário recebido por homens e mulheres que ocupam a mesma função: nesse quesito, o Brasil fica em 98º.
Segundo os dados do fórum, a tendência no país acompanha a do resto do mundo, onde a discriminação entre os sexos também é maior na política e na economia. "Nosso índice mostra que o mundo está acabando com as diferenças entre os sexos no acesso à educação e à saúde, mas há muito a ser feito em termos de participação econômica e política das mulheres", afirmou Saadia Zahidi, chefe do Programa de Mulheres Líderes do fórum, à Folha.

Educação
No que tange à educação, o Fórum Econômico Mundial destaca que os progressos registrados no Brasil ainda não tornaram a sociedade igualitária. "Há 34 países que já acabaram com as diferenças de acesso à educação entre homens e mulheres, por isso a posição do Brasil não é boa nesse item", explicou Zahidi.
Apesar de liderarem em percentual de alfabetização e no acesso à educação secundária e superior, as brasileiras estão defasadas em termos de ingresso no ensino primário. "Os dados do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas mostram que esse é o ponto problemático da educação no Brasil no que diz respeito à diferença entre os sexos."
Segundo Zahidi, nenhum dos 115 países estudados -que somam 90% da população mundial- acabou com todas as diferenças na participação social de homens e mulheres. Mas este é um objetivo viável e economicamente desejável.
Ela afirma que o ranking evidencia a correlação entre PIB per capita e redução da desigualdade entre os sexos, já que os países de colocação mais alta são, na maioria, os mais ricos.
"A igualdade entre os sexos não é só uma questão de direitos humanos mas de melhoria da competitividade econômica. Os países que não promovem a participação feminina correm mais risco de ficar para trás."


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