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Brasil fica em 67º na lista da igualdade entre os sexos
País vai bem no acesso à saúde, mas está atrasado na participação política feminina
Ranking divulgado pelo Fórum Econômico Mundial coloca países nórdicos no topo; nenhum país acabou totalmente com diferenças
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
As grandes diferenças entre
homens e mulheres na participação política, nos salários e no
nível de educação deixaram o
Brasil em 67º lugar no ranking
que registra a igualdade entre
os sexos em 115 países, divulgado ontem pelo Fórum Econômico Mundial.
O estudo, intitulado Gender
Gap Index, utiliza dados da
ONU, do Banco Mundial e de
pesquisas do próprio fórum para identificar as sociedades
mais e menos igualitárias em
termos de gênero, a partir de
quatro categorias -participação na política e na economia,
acesso à educação e à saúde.
O ranking, liderado pelos países nórdicos (veja quadro ao lado), põe o Brasil atrás da maioria de seus vizinhos sul-americanos: Colômbia (21º), Argentina (41º), Venezuela (57º), Peru
(60º), Paraguai (64º) e Uruguai
(66º) têm mais igualdade entre
homens e mulheres.
Nas quatro categorias analisadas, a da igualdade em termos de saúde -que leva em
conta a expectativa de vida e a
taxa de nascimento de cada sexo- é a única em que o Brasil se
sai bem, dividindo a primeira
posição com outros 33 países.
Já quando o assunto é participação política, medida pelo
número de mulheres ocupando
cargos parlamentares, ministeriais e de chefe de Estado, o país
cai para o 86º lugar.
Na atividade econômica, a
discrepância entre os gêneros
também é nítida, especialmente em termos de salário recebido por homens e mulheres que
ocupam a mesma função: nesse
quesito, o Brasil fica em 98º.
Segundo os dados do fórum,
a tendência no país acompanha
a do resto do mundo, onde a
discriminação entre os sexos
também é maior na política e
na economia. "Nosso índice
mostra que o mundo está acabando com as diferenças entre
os sexos no acesso à educação e
à saúde, mas há muito a ser feito em termos de participação
econômica e política das mulheres", afirmou Saadia Zahidi,
chefe do Programa de Mulheres Líderes do fórum, à Folha.
Educação
No que tange à educação, o
Fórum Econômico Mundial
destaca que os progressos registrados no Brasil ainda não
tornaram a sociedade igualitária. "Há 34 países que já acabaram com as diferenças de acesso à educação entre homens e
mulheres, por isso a posição do
Brasil não é boa nesse item",
explicou Zahidi.
Apesar de liderarem em percentual de alfabetização e no
acesso à educação secundária e
superior, as brasileiras estão
defasadas em termos de ingresso no ensino primário. "Os dados do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas
mostram que esse é o ponto
problemático da educação no
Brasil no que diz respeito à diferença entre os sexos."
Segundo Zahidi, nenhum dos
115 países estudados -que somam 90% da população mundial- acabou com todas as diferenças na participação social de
homens e mulheres. Mas este é
um objetivo viável e economicamente desejável.
Ela afirma que o ranking evidencia a correlação entre PIB
per capita e redução da desigualdade entre os sexos, já que
os países de colocação mais alta
são, na maioria, os mais ricos.
"A igualdade entre os sexos
não é só uma questão de direitos humanos mas de melhoria
da competitividade econômica.
Os países que não promovem a
participação feminina correm
mais risco de ficar para trás."
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