São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Israel tomou terras privadas, diz Paz Agora

De acordo com grupo israelense, 39% dos assentamentos na Cisjordânia são de proprietários palestinos

Pedro Ugarte - 5.ago.2004/France Presse
Criança brinca em Maale Adumin, onde 86,4% da terra é de palestinos, segundo o relatório


STEVEN ERLANGER
DO "NEW YORK TIMES", EM JERUSALÉM

Relatório do grupo pacifista israelense Paz Agora diz que 39% da terra controlada por assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada pertence a proprietários privados palestinos. Os dados indicam que 40% das terras que Israel pretende conservar em um acordo futuro é privada. As afirmações vêm de um banco de dados compilado em 2004 pela Administração Civil, que controla os aspectos civis da presença israelense na Cisjordânia. Os dados foram passados ao Paz Agora por uma pessoa que os obteve de um funcionário da Administração Civil.
Os dados mostram que cerca de 86,4% de Maale Adumim, um grande subúrbio de Jerusalém, é propriedade privada palestina, e o mesmo acontece com 35,1% de Ariel. Israel pretende manter os dois assentamentos em um possível acordo sobre fronteiras.
Os mapas indicam que, além da terra privada, 5,8% da terra dos assentamentos é de propriedade incerta e 1,3% é propriedade privada de judeus. O resto, cerca de 54%, é considerado "terra do Estado" ou não tem designação.
O relatório não inclui Jerusalém, que Israel anexou, embora boa parte do mundo veja Jerusalém oriental como área ocupada. Boa parte do mundo também considera ilegais os assentamentos israelenses nos territórios ocupados. A lei internacional requer que uma potência de ocupação proteja a propriedade privada.
Um caso em pauta num assentamento que Israel pretende conservar é o de Givat Zeev, oito quilômetros ao norte de Jerusalém. Em sua ponta sul fica a sinagoga de Ayelet Hashachar. Rabah Abdellatif, um palestino que vive no vizinho povoado de Al Jib, diz que o terreno pertence a ele.
Documentos registrados por Abdellatif no tribunal militar israelense que dirige a Cisjordânia parecem ser favoráveis a ele. Autoridades israelenses confirmam que em 1999 foi ordenada a demolição da sinagoga porque ela tinha sido construída sem alvará. Mas o sistema israelense vem fazendo pouco para implementar suas próprias decisões judiciais. A sinagoga continua em pé.
Em entrevista neste ano ao NYT, o premiê Ehud Olmert disse que Israel conservará cerca de 10% da Cisjordânia ocupada, possivelmente numa troca por outras terras. A área é demarcada aproximadamente pela barreira em construção que corta a Cisjordânia. Quase 80 mil judeus vivem em assentamentos do outro lado da barreira, 180 mil em assentamentos dentro da barreira e 200 mil em Jerusalém oriental.
Tradução de CLARA ALLAIN


Texto Anterior: Brasil fica em 67º na lista da igualdade entre os sexos
Próximo Texto: "Origem da propriedade é problemática"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.