São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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Ex-porta-voz acusa Bush no caso Plame

Presidente ajudou a acobertar envolvimento de assessores no vazamento do nome de ex-espiã da CIA, diz Scott McClellan

A identidade da ex-agente secreta Valerie Plame foi revelada pela imprensa em 2003; altos funcionários da Casa Branca foram fontes

DA REDAÇÃO

O ex-secretário de Imprensa da Casa Branca Scott McClellan acusou, em um trecho de livro divulgado anteontem, o presidente e o vice-presidente dos Estados Unidos de acobertar a participação de membros do governo no vazamento do nome da ex-espiã da CIA Valerie Plame, em 2003.
A identidade da ex-agente foi revelada pela Casa Branca após seu marido, o ex-embaixador Joseph Wilson, questionar as justificativas do presidente George W. Bush para a Guerra do Iraque. Revelar a identidade de um agente secreto é crime nos Estados Unidos.
O caso ficou conhecido como Plamegate. Ninguém foi processado criminalmente, mas Lewis Libby, ex-chefe-de-gabinete do vice-presidente, Dick Cheney, foi condenado neste ano por perjúrio e obstrução da Justiça. Libby foi interrogado como suspeito pelo vazamento do nome, mas mentiu ao FBI sobre conversas que teve com jornalistas sobre a ex-agente.
Sua sentença de 30 meses de prisão foi comutada por Bush, que posteriormente admitiu estar "ciente de que talvez alguém no governo tenha revelado o nome dessa pessoa".
O livro de McClellan, "What Happened", tem publicação prevista para abril de 2008, mas trechos foram divulgados na terça. Neles, McClellan relembra uma entrevista coletiva em 2003 na qual disse a repórteres que Libby e Karl Rove, então assessor político de Bush, não estavam envolvidos no vazamento da identidade.
"Há apenas um problema. Isso não era verdade", diz McClellan. Além do envolvimento de Libby, Karl Rove foi apontado como uma das fontes originais da coluna do jornalista Robert Novak, um dos primeiros a identificar Plame publicamente. "Sem saber, eu passei adiante uma informação falsa. E estiveram envolvidos nisso (...) Rove, Libby, o vice-presidente, o chefe-de-gabinete da Presidência e o próprio presidente", diz McClellan.

Reações
A Casa Branca reagiu à divulgação dos trechos dizendo que eles não deixaram claro o que McClellan quis dizer. "O presidente não pediu e não pediria a um porta-voz para passar adiante qualquer informação falsa", disse a atual porta-voz do governo, Dana Perino.
Valerie Plame, em um comunicado, se disse "indignada" pelas revelações. "Estou indignada por saber que o ex-secretário de Imprensa da Casa Branca Scott McClellan confirma que foi enviado para mentir para jornalistas", disse ela.
McClellan não comentou a nova polêmica. Apesar de não explicitar o grau de envolvimento de Bush, o trecho foi suficiente para alimentar críticos.
"Se o governo não diz a verdade a seu porta-voz, como podemos esperar que diga a verdade aos americanos?", espetou o senador democrata Charles Schumer.


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