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Ex-porta-voz acusa Bush no caso Plame
Presidente ajudou a acobertar envolvimento de assessores no vazamento do nome de ex-espiã da CIA, diz Scott McClellan
A identidade da ex-agente secreta Valerie Plame foi revelada pela imprensa em 2003; altos funcionários da Casa Branca foram fontes
DA REDAÇÃO
O ex-secretário de Imprensa
da Casa Branca Scott McClellan acusou, em um trecho de livro divulgado anteontem, o
presidente e o vice-presidente
dos Estados Unidos de acobertar a participação de membros
do governo no vazamento do
nome da ex-espiã da CIA Valerie Plame, em 2003.
A identidade da ex-agente foi
revelada pela Casa Branca após
seu marido, o ex-embaixador
Joseph Wilson, questionar as
justificativas do presidente
George W. Bush para a Guerra
do Iraque. Revelar a identidade
de um agente secreto é crime
nos Estados Unidos.
O caso ficou conhecido como
Plamegate. Ninguém foi processado criminalmente, mas
Lewis Libby, ex-chefe-de-gabinete do vice-presidente, Dick
Cheney, foi condenado neste
ano por perjúrio e obstrução da
Justiça. Libby foi interrogado
como suspeito pelo vazamento
do nome, mas mentiu ao FBI
sobre conversas que teve com
jornalistas sobre a ex-agente.
Sua sentença de 30 meses de
prisão foi comutada por Bush,
que posteriormente admitiu
estar "ciente de que talvez alguém no governo tenha revelado o nome dessa pessoa".
O livro de McClellan, "What
Happened", tem publicação
prevista para abril de 2008,
mas trechos foram divulgados
na terça. Neles, McClellan relembra uma entrevista coletiva
em 2003 na qual disse a repórteres que Libby e Karl Rove, então assessor político de Bush,
não estavam envolvidos no vazamento da identidade.
"Há apenas um problema. Isso não era verdade", diz McClellan. Além do envolvimento de
Libby, Karl Rove foi apontado
como uma das fontes originais
da coluna do jornalista Robert
Novak, um dos primeiros a
identificar Plame publicamente. "Sem saber, eu passei adiante uma informação falsa. E estiveram envolvidos nisso (...) Rove, Libby, o vice-presidente, o
chefe-de-gabinete da Presidência e o próprio presidente", diz
McClellan.
Reações
A Casa Branca reagiu à divulgação dos trechos dizendo que
eles não deixaram claro o que
McClellan quis dizer. "O presidente não pediu e não pediria a
um porta-voz para passar
adiante qualquer informação
falsa", disse a atual porta-voz
do governo, Dana Perino.
Valerie Plame, em um comunicado, se disse "indignada" pelas revelações. "Estou indignada por saber que o ex-secretário de Imprensa da Casa Branca
Scott McClellan confirma que
foi enviado para mentir para
jornalistas", disse ela.
McClellan não comentou a
nova polêmica. Apesar de não
explicitar o grau de envolvimento de Bush, o trecho foi suficiente para alimentar críticos.
"Se o governo não diz a verdade a seu porta-voz, como podemos esperar que diga a verdade aos americanos?", espetou o senador democrata Charles Schumer.
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