DA REDAÇÃO

O relator especial da ONU para Mianmar, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, alertou ontem a comunidade internacional que é preciso manter a pressão sobre a ditadura militar do país para que "não seja perdida a oportunidade de transição de regime". Pinheiro fez a afirmação em uma conferência internacional por telefone após sua primeira visita ao país em cerca de quatro anos.
Os apelos internacionais contra a repressão dos militares a manifestantes pacíficos "definitivamente obtiveram algum resultado", disse Pinheiro. Um movimento pró-democracia que começou como protesto contra o aumento de preços tomou as ruas de Mianmar em setembro, mas foi sufocado pela ação das forças de segurança birmanesas. O governo admitira dez mortes e 2.000 detidos, mas opositores dizem que os números chegam a 200 mortos e 6.000 presos.
Segundo o relator, durante a visita o governo birmanês disse que o número de mortos chegou a 15. Pinheiro, porém, não pôde confirmar a informação. Ele teve autorização para fazer visitas a cinco prisioneiros, mas não quis comentar as condições antes de entregar um relatório ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em dezembro.
Para Pinheiro, há uma boa chance para uma abertura democrática em Mianmar se a comunidade internacional mantiver a pressão sobre a ditadura. "É hora de mais ações coordenadas", disse.