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Com decisão inédita sob Lula, Itamaraty manda duro recado diplomático a Correa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao convocar um embaixador
brasileiro para consultas pela
primeira vez desde o início do
primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, , o
chanceler Celso Amorim enviou um recado diplomático
claro ao governo de Rafael Correa: o contencioso do Equador
com a Odebrecht ultrapassou
os limites técnicos ao se transformar em ameaça de calote ao
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), foi contaminado politicamente, e isso é inaceitável.
Na linguagem diplomática,
chamar o embaixador para
consultas é uma ação que demonstra grave insatisfação
com o outro governo. A convocação é um ato mais forte do
que convidar o embaixador
equatoriano no Brasil para esclarecimentos.
Em março, por exemplo, o
Itamaraty convidou o embaixador espanhol em Brasília para
uma reunião. Grosso modo, é
como se o Brasil quisesse saber
a explicação oficial da Espanha
sobre os brasileiros barrados
no aeroporto em Madri.
A convocação agora indica
que o Brasil vai adotar uma nova postura nas relações com o
Equador. O embaixador Antonino Marques Porto receberá
instruções diretamente do
chanceler sobre como agir daqui em diante.
"A convocação é a ação de
praxe para demonstrar o descontentamento, uma forma de
expressar de modo respeitoso
uma grave insatisfação", disse
Virgílio Arraes, professor da
Universidade de Brasília.
Dependendo da escalada do
contencioso, o Itamaraty vai
decidir se é o caso do embaixador voltar ou não a Quito. A
convocação permanente do
embaixador representa o primeiro passo para o rompimento de relações diplomáticas.
Segundo a Folha apurou, a
convocação de Marques Porto
foi uma resposta política às atitudes de Correa. O governo
brasileiro até aceitava arbitragem entre a Odebrecht e Quito,
mas o uso político da disputa
por Correa foi determinante na
resposta brasileira. Em Brasília, a ordem é interromper os
contatos bilaterais em todos os
temas e congelar os pedidos comerciais do Equador.
(IURI DANTAS)
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