Em Sucre, reduto governista na Grande Caracas, eleitorado culpa atual prefeito e candidato de Hugo Chávez por pico de violência

DE CARACAS

A distribuição de geladeiras, fornos microondas, máquinas de lavar, camas e colchões tem sido uma das armas do chavismo para não perder o controle do município de Sucre nas eleições de amanhã. Localizado na região metropolitana de Caracas, inclui a favela do Petare, a maior da Venezuela e um dos redutos históricos do presidente Hugo Chávez.
As principais pesquisas de opinião mostram uma vantagem em torno de dez pontos percentuais para o candidato oposicionista Carlos Ocariz, 35, do partido Primeiro Justiça (direita). Engenheiro civil de profissão e mais branco e rico do que a maioria dos habitantes, teve como bandeira principal de campanha combater os altos índices de violência.
As eleições renovarão 23 dos 24 Estados e a maioria das prefeituras do país. Um vitória convincente é considerada crucial pelo chavismo para relançar um referendo sobre a implantação da reeleição indefinida para presidente.
"A insegurança é o que vai derrubar esse governo", diz a dona-de-casa Betty Diaz, 54, que participava na quinta-feira de uma caminhada de Ocariz pelas vielas do Petare. Há seis, meses, conta, seu filho Edson (em homenagem a Pelé) foi morto a tiros.
Assim como Diaz, outras militantes de Ocariz relatavam histórias de violência no Petare, de onde vêm boa parte dos cerca de 40 mortos nessas circunstâncias que Caracas registra a cada fim de semana.
Todas as pesquisas de opinião apontam a segurança pública como o principal problema do país -56% da população, segundo pesquisa recente do instituto Datanálisis.
"Aqui, não tem o caminho do socialismo e do capitalismo. Aqui, há o caminho da eficiência e da ineficiência. E esse governo municipal tem sido ineficiente", diz Ocariz, durante uma breve entrevista a jornalistas estrangeiros durante a caminhada de quinta-feira.
O mais pobre dos cinco municípios que formam o Distrito Capital de Caracas, Sucre é governada pelo prefeito chavista José Vicente Rangel Ávalos, filho do ex-vice-presidente José Vicente Rangel.
Nas últimas semanas, Rangel Ávalos promoveu farta distribuição de eletrodomésticos por meio de programas da Prefeitura: Chaca-Chaca (lavadoras), Pingüim (geladeiras) e Bem Dormir (colchões e camas).
Segundo uma nota à imprensa da prefeitura de Sucre divulgada anteontem, a distribuição foi uma demanda da população, já que os eletrodomésticos são muito caros para a maior parte da população de Sucre.
"Aqui estamos lutando não contra um prefeito, mas contra o Estado completo", disse Ocariz, sobre o uso da máquina. Segundo ele, sua campanha é "austera" e foi financiada por comerciantes e moradores da região. (FABIANO MAISONNAVE)


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