Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lima prega pacto de não agressão e força de paz sul-americanos
DA REPORTAGEM LOCAL
Neste trecho da entrevista, o
chanceler peruano, José Antonio García Belaúnde, detalha a
proposta do país para o desarmamento na região e comenta
a crise política em Honduras e
o acordo que permite a presença de militares dos EUA em bases da Colômbia.
(TG)
FOLHA - O sr. vê relação entre o caso de espionagem e a proposta peruana de um pacto de não agressão
e de redução de gastos militares na
Unasul (União de Nações Sul-Americanas)?
JOSÉ GARCÍA BELAÚNDE - Não, é
um caso que descobrimos agora, mas lamentavelmente a espionagem ocorria desde 2004,
2005.
FOLHA - Pode detalhar mais a proposta peruana?
BELAÚNDE - Há uma proposta
de compromisso de não agressão. Um segundo compromisso
seria estabelecer uma força de
paz sul-americana para intervenção em casos de ameaças à
paz e à segurança que poderiam
ocorrer entre países da região.
E essa mesma força poderia
funcionar ante ameaças externas. Defendemos a redução de
gastos em armas a 3% do gasto
corrente dos países e redução
de 15% nas compras de armas
em relação às aquisições dos
cinco anos anteriores.
FOLHA - Há preocupação no Peru
sobre a crescente presença chilena
na economia do país?
BELAÚNDE- O Chile é o quinto,
sexto investidor estrangeiro no
Peru. Talvez sua presença seja
muito notada porque está muito presente no varejo, lojas de
roupas, farmácias, alimentos.
Há figuras muito nacionalistas
que pretendem que não haja investimentos chilenos no Peru,
mas esses investimentos não
são grande preocupação. Talvez sejam mais notados porque
têm maior acesso ao público.
FOLHA - Brasil e Argentina expressaram preocupação, na semana passada, sobre o acordo entre Colômbia
e EUA para o uso de bases militares
colombianas. Qual é a avaliação do
Peru sobre o acordo?
BELAÚNDE - É um direito soberano da Colômbia. Em segundo
lugar, há preocupação séria em
muitos países, Argentina e Brasil incluídos, pelo que possa significar em ameaça à segurança
da região. Consideramos que
deva haver um compromisso
colombiano que garanta que
essas bases só possam ser usadas em território colombiano,
na política contra insurgentes e
o narcotráfico.
FOLHA - O Peru vai reconhecer os
resultados das eleições em Honduras mesmo sem a restituição do presidente Manuel Zelaya?
BELAÚNDE - Vamos reconhecer
sempre e desde que não haja
dúvidas sobre sua transparência. Todos os nossos países têm
experiências, saímos da ditadura por processos eleitorais organizados por essas mesmas ditaduras. Não nos esqueçamos
disso, mas temos que estar certos de que esse processo eleitoral seja impecável e não lance
sombras sobre a vontade do povo hondurenho.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Invasão econômica chilena é combustível para tensão bilateral Índice
|