São Paulo, domingo, 22 de novembro de 2009

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Lima prega pacto de não agressão e força de paz sul-americanos

DA REPORTAGEM LOCAL

Neste trecho da entrevista, o chanceler peruano, José Antonio García Belaúnde, detalha a proposta do país para o desarmamento na região e comenta a crise política em Honduras e o acordo que permite a presença de militares dos EUA em bases da Colômbia. (TG)

 

FOLHA - O sr. vê relação entre o caso de espionagem e a proposta peruana de um pacto de não agressão e de redução de gastos militares na Unasul (União de Nações Sul-Americanas)?
JOSÉ GARCÍA BELAÚNDE -
Não, é um caso que descobrimos agora, mas lamentavelmente a espionagem ocorria desde 2004, 2005.

FOLHA - Pode detalhar mais a proposta peruana?
BELAÚNDE -
Há uma proposta de compromisso de não agressão. Um segundo compromisso seria estabelecer uma força de paz sul-americana para intervenção em casos de ameaças à paz e à segurança que poderiam ocorrer entre países da região. E essa mesma força poderia funcionar ante ameaças externas. Defendemos a redução de gastos em armas a 3% do gasto corrente dos países e redução de 15% nas compras de armas em relação às aquisições dos cinco anos anteriores.

FOLHA - Há preocupação no Peru sobre a crescente presença chilena na economia do país?
BELAÚNDE
- O Chile é o quinto, sexto investidor estrangeiro no Peru. Talvez sua presença seja muito notada porque está muito presente no varejo, lojas de roupas, farmácias, alimentos. Há figuras muito nacionalistas que pretendem que não haja investimentos chilenos no Peru, mas esses investimentos não são grande preocupação. Talvez sejam mais notados porque têm maior acesso ao público.

FOLHA - Brasil e Argentina expressaram preocupação, na semana passada, sobre o acordo entre Colômbia e EUA para o uso de bases militares colombianas. Qual é a avaliação do Peru sobre o acordo?
BELAÚNDE -
É um direito soberano da Colômbia. Em segundo lugar, há preocupação séria em muitos países, Argentina e Brasil incluídos, pelo que possa significar em ameaça à segurança da região. Consideramos que deva haver um compromisso colombiano que garanta que essas bases só possam ser usadas em território colombiano, na política contra insurgentes e o narcotráfico.

FOLHA - O Peru vai reconhecer os resultados das eleições em Honduras mesmo sem a restituição do presidente Manuel Zelaya?
BELAÚNDE -
Vamos reconhecer sempre e desde que não haja dúvidas sobre sua transparência. Todos os nossos países têm experiências, saímos da ditadura por processos eleitorais organizados por essas mesmas ditaduras. Não nos esqueçamos disso, mas temos que estar certos de que esse processo eleitoral seja impecável e não lance sombras sobre a vontade do povo hondurenho.

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