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SUCESSÃO NOS EUA / POLÍTICA DE INTELIGÊNCIA
Chefe da inteligência herdará conflitos
Dennis Blair terá de coordenar 16 agências com divergências internas e disputas entre si; Obama deve indicá-lo no início do ano
Almirante da reserva foi
preterido durante o governo
Bush por ser considerado
independente e não afim à
política externa republicana
DO "NEW YORK TIMES"
A nomeação prevista por Barack Obama de Dennis C. Blair
para diretor de inteligência nacional colocará o almirante da
reserva na posição de ter de
coordenar 16 agências de inteligência, muitas das quais com
divergências entre elas, e enxugar um órgão criticado por
muitos no Congresso por ser
burocraticamente inchado.
Como mestre da espionagem
nacional, se sua nomeação for
confirmada, Blair será em alguns dias a primeira pessoa a
saudar Obama pela manhã, levando-lhe um dossiê das ameaças que o país enfrenta.
Assessores da transição disseram que Blair vai ajudar Obama a selecionar o diretor da
Agência Central de Inteligência
(CIA), o que pode lhe conferir
uma posição de hegemonia nas
disputas internas que ainda
criam dificuldades na comunidade de espionagem.
A escolha desse nome vem
representando uma dor de cabeça especial, na medida em
que o presidente eleito procura
uma pessoa que seja profundamente versada em questões de
terrorismo e contraproliferação, mas que não esteja estreitamente vinculada a políticas
controversas do governo Bush,
como métodos de interrogatório e o grampeamento de civis.
Assessores de Obama disseram que o anúncio oficial da escolha de Blair como diretor de
inteligência, um cargo criado
na esteira dos ataques de 11 de
setembro de 2001, não é previsto para antes de janeiro, depois
de o presidente eleito retornar
de suas férias no Havaí. O mais
provável é que Obama anuncie
seu escolhido para chefiar a
CIA no mesmo momento.
Dennis Blair tem fama de digerir rapidamente informações
complexas e muitas vezes conflitantes, mas seu passado na
Marinha suscitou questionamentos de alguns parlamentares quanto à "militarização" da
inteligência num momento em
que o Pentágono ainda controla uma parte significativa do orçamento de inteligência.
O atual diretor, Mike
McConnell, também é almirante da reserva. O chefe da CIA,
Hayden, é general aposentado
da Força Aérea.
Blair obteve seu mestrado na
Universidade Oxford, onde estudou com bolsa de estudos
Rhodes, e fala russo.
Enquanto dirigiu o Comando
dos EUA no Pacífico, entre
1999 e 2002, ele foi elogiado pelas operações de contraterrorismo que comandou contra o
grupo Abu Sayyaf, das Filipinas, onde Seals da Marinha e
agente da CIA trabalharam
com o Exército filipino para
capturar ou matar membros da
rede em partes isoladas do país.
Mas ele entrou em choque
com parlamentares e funcionários do Departamento de Estado em torno de seus esforços
para estreitar os laços com os
militares da Indonésia, que via
como força moderadora importante nesse país muçulmano.
Alguns funcionários em Washington fizeram objeções ao fato de o Pentágono tratar com
Forças Armadas que têm um
longo histórico de abusos dos
direitos humanos.
Estrela
Em 2001, Blair era uma das
estrelas mais brilhantes do firmamento militar: almirante
com currículo de platina, visto
por muitos como nome certeiro para tornar-se o próximo
chefe do Estado-Maior Conjunto.
Mas o então secretário da
Defesa, Donald Rumsfeld, o
considerou demasiado independente e que estava fora de
compasso com partes da agenda de política externa do presidente Bush, especialmente no
tocante à ameaça militar da
China. Ademais, era amigo de
longa data do ex-presidente Bill
Clinton.
Blair foi preterido para o cargo e acabou passando para a reserva.
Na vida civil, Blair comandou
o Instituto de Análises de Defesa, um grupo sem fins lucrativos no norte da Virgínia que faz
trabalhos para o Pentágono.
Tradução de CLARA ALLAIN
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