São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / GUERRA AO TERROR

EUA deverão quase dobrar contingente no Afeganistão

Segundo chefe militar, Washington enviará entre 20 mil e 30 mil soldados em 2009

Hoje, são pouco mais de 30 mil, 18 mil dos quais sob a Otan; segundo Obama, país será novo front de combate ao terror em seu governo


Omar Sobhani/Reuters
Mullen, em visita a Cabul na qual anunciou aumento de tropas

DA REDAÇÃO

Os EUA deverão enviar entre 20 mil e 30 mil novos soldados ao Afeganistão até o meio de 2009, informou anteontem o chefe do Estado-Maior americano, almirante Mike Mullen. Se efetivado, o envio poderá dobrar o contingente militar dos EUA no país, hoje composto por pouco mais de 30 mil -18 mil dos quais sob a bandeira da Otan, aliança militar ocidental.
A medida vai ao encontro do pedido do comandante das tropas americanas no Afeganistão, general David McKiernan, que já havia solicitado incremento de ao menos 20 mil soldados sob seu comando para combater o aumento da insurgência. O grupo fundamentalista islâmico Taleban aumentou as ações e domina partes do país.
Apenas em 2008, o aumento da violência no país já causou a morte de cerca de 2.000 civis, além de mil policiais e militares afegãos e 287 soldados das forças internacionais. O ano é o pior desde a invasão americana ao país, em 2001, quando desalojou o Taleban do poder.
O envio ainda precisa do aval do presidente eleito dos EUA, Barack Obama, que desde a campanha defende o Afeganistão como prioridade no combate ao terrorismo, em detrimento do Iraque. Ele assume a Presidência no dia 20 de janeiro.
Há dez dias, o secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates -que será mantido no cargo por Obama-, em visita ao Afeganistão, já havia anunciado a intenção de enviar 4.000 soldados ao país já a partir de janeiro, como parte do aumento de 20 mil pedido por McKiernan.
O reforço deverá concentrar-se no sul afegão, região em que a insurgência recrudesceu nos últimos meses e onde ocorreu boa parte das mortes dos soldados estrangeiros em 2008.
"Ali [no sul] é o onde tem lugar o mais duro da luta. Quando enviarmos tropas adicionais, acredito que o nível de violência vá aumentar. A luta será mais dura", disse o Mullen. A região é hoje resguardada por soldados britânicos, canadenses e holandeses, na maioria, todos sob comando da Otan.
Mas, segundo o almirante, de nada adianta o envio de mais soldados "se não somos capazes de progredir em matéria de desenvolvimento e gestão". A advertência foi recebida como uma crítica velada ao governo do presidente afegão, Hamid Karzai, cuja capacidade de manter o controle do país e lutar contra a corrupção no seu governo tem sido questionada.

Aprovação
Ontem, Cabul aprovou o plano americano e pediu que as tropas adicionais sejam dirigidas também à região leste, na fronteira com o Paquistão. O porta-voz do Ministério do Interior afegão, Ahmad Baheen, pediu ainda que os novos soldados "contribuam para o treinamento e o equipamento das forças de segurança locais".
Já a Otan aproveitou o anúncio para cobrar dos seus membros, "particularmente os europeus", medidas similares "para garantir uma divisão adequada do que os EUA e outros aliados estão fazendo, por razões militares e políticas".
A aliança militar ocidental diz querer evitar uma situação em que dois ou três dos países-membros assumam toda a responsabilidade por operações de alto risco. "Politicamente, isso pode gerar complicações muito rapidamente", afirmou o porta-voz, James Appathurai.
A Otan conta com 62 mil soldados de 40 países no Afeganistão. Depois dos EUA, o país que mais tem tropas em território afegão sob a bandeira da aliança é o Reino Unido, com 8.700. Alemanha, França, Canadá e Itália têm menos da metade.


Com agências internacionais


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