São Paulo, quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

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EUA crescem mais devagar, aponta Censo

País passa dos 308 milhões de habitantes, com crescimento de 9,7% na década, o menor desde os anos 1930

Latinos contrariam a tendência, crescem mais rápido e de forma mais espalhada; devem ter mais poder político


ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

De 2000 a 2010, os EUA tiveram sua pior taxa de crescimento desde a Grande Depressão -9,7%- e chegaram a 308,7 milhões de habitantes, segundo os primeiros dados do Censo 2010 do país, divulgados ontem.
"A população está envelhecendo, a taxa de natalidade caindo, há menos imigração e muita gente está esperando a economia melhorar para ter filhos", disse à Folha Audrey Singer, analista de políticas metropolitanas do Instituto Brookings.
Mas os resultados gerais da primeira década do milênio contrastam com a situação da população latina.
Esta não só aumentou mais do que a média nacional -a taxa oficial ainda não foi divulgada- como se expandiu de nichos tradicionais no sudoeste para deixar marca em regiões antes menos exploradas, como no interior do país e em Estados como Geórgia e Washington.
"Essa população é mais jovem que a população branca. Tem taxa de natalidade maior e está crescendo mais rápido do que qualquer outro grupo", afirmou Singer.
E os latinos também viram sua força política aumentar exponencialmente no período. Não só contarão com mais eleitores, como terão influência decisiva na redistribuição de vagas por Estado no Congresso, que nos EUA segue as mudanças apontadas pelo Censo.
Isso porque os resultados divulgados ontem mostram que parte significativa do crescimento populacional do país se concentra em Estados de grande população latina.
Em Nevada, outro Estado onde os latinos são um grupo emergente, o crescimento populacional foi de 35%, o mais alto do país.
O Texas cresceu 21%. A Flórida, 18%. E o Arizona, que protagonizou uma das maiores polêmicas migratórias do ano com leis anti-imigrantes, cresceu 9,1%.
Há hoje 45 milhões de latinos nos EUA, o dobro do número existente há 20 anos. O Censo prevê que chegarão a 130 milhões em 2050.
O Censo não definiu exatamente o quanto o crescimento de alguns Estados se deve à imigração.
Estimativas recentes do Birô do Censo mostram que a imigração aos EUA caiu nos últimos anos e isso contribuiu para a queda da taxa de crescimento geral.
Mas, segundo especialistas, mesmo com a desaceleração da imigração, a população latina nascida nos EUA continua a inchar.

NÚMEROS
O crescimento de 9,7% na última década foi bem menor do que o do período anterior, quando chegou a 13,2%. Mas foi melhor do que a década de 1930, da Grande Depressão, quando o país cresceu apenas 7,3%.
O Brasil, em comparação, cresceu 12,2% na década, segundo o IBGE.
Os maiores ganhadores do Censo norte-americano se concentraram nas regiões Oeste e Sul, com 13,8% e 14,3% de crescimento, respectivamente.
Os cinco maiores Estados são Califórnia, com mais de 37 milhões de pessoas, seguido por Texas, Nova York, Florida e Illinois.


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