São Paulo, quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

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Taleban retém ópio para influir em preços

Relato é de ex-czar contra drogas da ONU, segundo papéis do WikiLeaks

Antonio Maria Costa disse que grupo afegão tem 12,4 mil toneladas de ópio, matéria-prima da produção de heroína

DE SÃO PAULO

O ex-czar antidrogas da ONU Antonio Maria Costa disse à Otan que insurgentes baseados no Afeganistão estocam toneladas de heroína, droga usada para financiar a luta contra a aliança militar ocidental, para influir no preço do produto no Ocidente.
O episódio é relatado em um documento diplomático americano revelado pelo WikiLeaks e divulgado pelo jornal britânico "Guardian".
Segundo o despacho, Costa estima que até 12,4 mil toneladas de ópio -do qual é produzida a heroína- foram mantidas fora do mercado internacional do entorpecente pelo grupo radical Taleban a fim de elevar o seu valor.
A quantia retida pelos insurgentes tem valor no mercado estimado em até US$ 1,2 bilhão. Cada tonelada vale cerca de US$ 100 mil e produz até 100 kg de heroína.
O Afeganistão é o maior produtor do mundo da droga, originada sobretudo da província de Helmand, área no sul do país onde tropas ocidentais enfrentam forte resistência de insurgentes.
O documento é datado de 18 de setembro de 2009 e refere-se a um encontro entre o czar antidrogas da ONU e autoridades da Otan, que lidera as tropas estrangeiras estacionadas no Afeganistão desde o pós-11 de Setembro.
"Costa disse que o Afeganistão tem estoque de 12,4 mil toneladas de ópio porque produz mais do que o mundo consome. Para ele, os insurgentes o utilizam como uma "poupança'", afirma o texto.
As informações não foram incluídas no relatório de 2009 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), chefiado por Costa, sobre o Afeganistão.
Costa deixou o cargo no começo deste ano após afirmar que dinheiro lavado com narcotráfico foi utilizado por empresas com problemas financeiros após a crise global.


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