DA REDAÇÃO

Após a vitória de John Kerry em Iowa, o apoio ao nome do senador para se tornar o candidato democrata à Presidência dos EUA cresce em um efeito "bola de neve". Pesquisas de opinião apontam que Kerry já está à frente de Howard Dean em New Hampshire, Estado que realiza sua primária na próxima terça-feira.
Segundo pesquisa MSNBC/ Reuters/Zogby feita entre segunda-feira e quarta-feira, o senador de Massachusetts virou a disputa e tem uma vantagem de três pontos percentuais sobre o ex-governador de Vermont (27% a 24%).
Apenas parte do levantamento foi feita após o caucus (espécie de assembléia partidária) de Iowa -se consideradas as opiniões ouvidas só na quarta-feira, a vantagem é de 11 pontos percentuais. Outras pesquisas, realizadas após o caucus, apontam que a vantagem de Kerry é de dez pontos.
A campanha democrata continua em ritmo intenso e ontem aconteceria um debate entre os sete pré-candidatos em New Hampshire. Anteontem, tanto Kerry como Dean falaram de planos para conter os gastos do país com a assistência médica e para coibir a influência de grupos de interesse, numa aparente reação ao Discurso sobre o Estado da União feito pelo presidente Bush.
Dean, considerado há poucas semanas como o favorito para se tornar o candidato democrata, sofreu um abalo duplo em Iowa. Além de ter chegado em terceiro, está sendo bastante criticado pelo discurso que fez após o anúncio oficial dos resultados.

Letterman
Talvez para não transmitir a imagem de um derrotado, Dean exagerou na dose de entusiasmo no palanque. Eufórico, ou "delirante" segundo um comentarista político, deu socos no ar e terminou sua fala com um grito.
"Aqui vai um pequeno toque, Howard: manere no Red Bull", disse o apresentador de TV David Letterman em seu programa na CBS. Diversas versões do discurso com acompanhamento de música techno surgiram na internet.
Para o deputado democrata Jim Clyburn, a reação de Dean "foi mais prejudicial à sua campanha do que o terceiro lugar" no caucus. Seu destempero está sendo usado pelos rivais como uma demonstração de falta de preparo para o cargo de presidente.

Entusiasmo
O pré-candidato procurou justificar-se dizendo que foi contagiado pelo entusiasmo dos correligionários que o ouviam. "Veja, não sou uma pessoa perfeita. Eu uso ternos baratos, às vezes digo coisas que me metem em problemas. Mas eu digo o que penso e acredito no que digo. Em outras palavras, sigo o coração e não a cabeça", acrescentou.
A campanha de Dean mergulhou em uma operação "controle de danos". A idéia é dar um ar mais sóbrio a seus discursos e enfatizar a imagem de um ex-governador maduro, com ampla experiência em saúde e economia. Anteontem, Dean falou sobre novas regras para o financiamento público de candidatos, num gesto visto como um esforço para mudar o foco de sua campanha.