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EUROPA
Conservador recebeu 50,7% dos votos para a Presidência e dispensou segundo turno; Mário Soares ficou com 14,2%
Cavaco Silva vence eleição em Portugal
VITORINO CORAGEM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Aníbal Cavaco Silva é o novo
presidente português. Como se
esperava, o candidato de centro-direita venceu ontem as eleição
presidenciais, logo no primeiro
turno, com 50,7% de votos, estando completa 90% da apuração.
Quanto aos seus adversários,
Manuel Alegre, que concorreu como independente, garantiu o segundo lugar, com 20,7%, e deixou
o candidato do Partido Socialista,
Mário Soares, a uma distância razoável, com 14,2%.
Ainda no que diz respeito à disputa na esquerda, Jerônimo de
Sousa, do Partido Comunista
Português (PCP), venceu o combate com Francisco Louçã, candidato do Bloco de Esquerda (BE),
com 8,6% contra 5,3%. A maioria
dos líderes políticos votou pela
manhã e apelou à população que
cumprisse o dever cívico. A abstenção (mais da metade) tem sido
cada vez maior, mostrando o divórcio entre eleitores e eleitos.
O atual presidente, Jorge Sampaio, pediu ontem aos eleitores
que participassem "da vida coletiva", confessando que o ato de votar para eleger o seu sucessor
constituiu um momento "muito
especial".
Sampaio lembrou momentos
"muito delicados e difíceis" que
viveu, em especial no seu segundo
mandato.
Assim que vieram à luz as primeiras projeções fornecidas pelas
emissoras de TV e que davam Cavaco Silva como próximo presidente, ouviram-se gritos de euforia e aplausos na sala Camoy do
Centro Cultura de Belém, onde
estavam instaladas as comissões
política e de honra e demais convidados da candidatura.
A esquerda apresentou-se dividida na corrida eleitoral, com
quatro candidatos principais. O
PS apostou forte no seu líder histórico, Mário Soares, com 81 anos.
O candidato não reunia o consenso em seu partido, o que levou
Manuel Alegre, escritor e deputado da mesma legenda, a também
concorrer à chefia do Estado.
Perfil
Casado e professor catedrático,
Aníbal Cavaco Silva, 67, tem doutorado em Economia pela Universidade de York (Reino Unido).
Foi ministro das Finanças de Sá
Carneiro em 1980, antes de chegar
à liderança do PSD, em 1985, para
então vencer as eleições e ser premiê durante dez anos.
O período foi marcado por uma
política de desenvolvimento de
infra-estrutura, por tensões com
o presidente Mário Soares e também pelo entusiasmo diante do
projeto de formação da União Européia. Em 1996, candidatou-se
pela primeira vez à Presidência,
tendo sido derrotado por Jorge
Sampaio.
Cavaco Silva apresentou-se na
campanha eleitoral com uma
imagem renovada, diferente da
que teve nos últimos anos como
chefe do governo. É recordado como um forte líder político, rigoroso e com capacidade de decisão.
No entanto poucos parecem recordar episódios em que foi acusado de autoritarismo, quando,
por exemplo, recusou-se a assinar, em 1993, a portaria que concedia o feriado de Carnaval, motivando a mais generalizada desobediência civil de que se tem notícia no país.
Portugal tem agora um governo
socialista, com o primeiro-ministro José Socrates, e um presidente
de centro-direita.
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