São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

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EUROPA

Conservador recebeu 50,7% dos votos para a Presidência e dispensou segundo turno; Mário Soares ficou com 14,2%

Cavaco Silva vence eleição em Portugal

VITORINO CORAGEM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Aníbal Cavaco Silva é o novo presidente português. Como se esperava, o candidato de centro-direita venceu ontem as eleição presidenciais, logo no primeiro turno, com 50,7% de votos, estando completa 90% da apuração.
Quanto aos seus adversários, Manuel Alegre, que concorreu como independente, garantiu o segundo lugar, com 20,7%, e deixou o candidato do Partido Socialista, Mário Soares, a uma distância razoável, com 14,2%.
Ainda no que diz respeito à disputa na esquerda, Jerônimo de Sousa, do Partido Comunista Português (PCP), venceu o combate com Francisco Louçã, candidato do Bloco de Esquerda (BE), com 8,6% contra 5,3%. A maioria dos líderes políticos votou pela manhã e apelou à população que cumprisse o dever cívico. A abstenção (mais da metade) tem sido cada vez maior, mostrando o divórcio entre eleitores e eleitos.
O atual presidente, Jorge Sampaio, pediu ontem aos eleitores que participassem "da vida coletiva", confessando que o ato de votar para eleger o seu sucessor constituiu um momento "muito especial".
Sampaio lembrou momentos "muito delicados e difíceis" que viveu, em especial no seu segundo mandato.
Assim que vieram à luz as primeiras projeções fornecidas pelas emissoras de TV e que davam Cavaco Silva como próximo presidente, ouviram-se gritos de euforia e aplausos na sala Camoy do Centro Cultura de Belém, onde estavam instaladas as comissões política e de honra e demais convidados da candidatura.
A esquerda apresentou-se dividida na corrida eleitoral, com quatro candidatos principais. O PS apostou forte no seu líder histórico, Mário Soares, com 81 anos. O candidato não reunia o consenso em seu partido, o que levou Manuel Alegre, escritor e deputado da mesma legenda, a também concorrer à chefia do Estado.

Perfil
Casado e professor catedrático, Aníbal Cavaco Silva, 67, tem doutorado em Economia pela Universidade de York (Reino Unido). Foi ministro das Finanças de Sá Carneiro em 1980, antes de chegar à liderança do PSD, em 1985, para então vencer as eleições e ser premiê durante dez anos.
O período foi marcado por uma política de desenvolvimento de infra-estrutura, por tensões com o presidente Mário Soares e também pelo entusiasmo diante do projeto de formação da União Européia. Em 1996, candidatou-se pela primeira vez à Presidência, tendo sido derrotado por Jorge Sampaio.
Cavaco Silva apresentou-se na campanha eleitoral com uma imagem renovada, diferente da que teve nos últimos anos como chefe do governo. É recordado como um forte líder político, rigoroso e com capacidade de decisão.
No entanto poucos parecem recordar episódios em que foi acusado de autoritarismo, quando, por exemplo, recusou-se a assinar, em 1993, a portaria que concedia o feriado de Carnaval, motivando a mais generalizada desobediência civil de que se tem notícia no país.
Portugal tem agora um governo socialista, com o primeiro-ministro José Socrates, e um presidente de centro-direita.


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