|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Agências têm de trabalhar com o Irã, diz novo diretor de inteligência
DE WASHINGTON
Futuro "czar da inteligência"
dos Estados Unidos, Dennis
Blair disse ontem que as agências americanas devem procurar maneiras de trabalhar com
o Irã em assuntos de interesse
mútuo. Tais agências podem
"ajudar os fazedores de política
a identificar e entender outros
líderes e forças políticas" no
Irã, além dos que pregam uma
visão antiamericana, afirmou
em sua audiência de confirmação do cargo na Comissão de
Inteligência do Senado.
Almirante reformado, Blair é
o escolhido por Obama para ser
o diretor de Inteligência Nacional, que em tese supervisiona
as 16 agências de inteligência
norte-americanas -entre elas
a CIA-, que empregam 100 mil
pessoas e têm um orçamento
conjunto de US$ 50 bilhões.
Criado pelo ex-presidente
George W. Bush em seu segundo mandato, o cargo ainda "não
pegou" -os chefes dos departamentos relutam em se submeter à autoridade do diretor.
Quanto às ordens executivas
assinadas ontem por Obama,
Dennis Blair mostrou que está
de acordo de maneira geral e
prometeu executá-las com rigor. "Não é o suficiente apenas
estabelecer um padrão e o
anunciar", disse. A prisão de
Guantánamo se tornou "um
símbolo danoso para o mundo,
de recrutamento para terroristas e prejudicial à nossa segurança".
Sobre a prática de tortura,
disse que "não é moral, legal ou
efetiva". "Qualquer programa
de detenção e interrogatório
tem de estar de acordo com as
Convenções de Genebra, as
Convenções sobre Tortura e a
Constituição [dos EUA]", afirmou. "É preciso haver padrões
claros para tratamento humano que se aplique a todas as
agências do governo norte-americano, incluindo a comunidade de inteligência."
Tortura ou não?
Blair recusou-se a classificar
o "waterboarding" (simulação
de afogamento) como tortura,
no entanto, algo que o indicado
por Obama para secretário da
Justiça, Eric Holder, havia feito
em sua audiência de confirmação. "Estou hesitante em determinar um padrão aqui que pode colocar em risco alguns dos
dedicados oficiais de inteligência que checaram para saber se
o que estavam fazendo era legal
e então fizeram o que foram ordenados a fazer", afirmou.
A pedido da Casa Branca de
Bush, conselheiros legais fizeram memorandos que afirmavam que a prática da simulação
de afogamento não era tortura,
portanto, não era ilegal. Muitos
funcionários das agências de
inteligência, principalmente a
CIA, dizem hoje temer ser processados por terem agido de
acordo com o que imaginavam
ser legal à época.
Obama já se manifestou contra investigar casos do passado
com o objetivo de punir os responsáveis, embora tenha dito
ontem que quer que todos os
casos dos prisioneiros de Guantánamo sejam revisados para
saber se houve confissão obtida
sob tortura. Seja como for, de
agora em diante, disse Blair,
"não haverá "waterboarding"
sob meu comando. Não haverá
tortura sob meu comando".
O almirante da reserva não
especificou como fará para mudar essa cultura nas agências ou
mesmo para garantir que a prática seja coibida.
(SD)
Texto Anterior: Iraque: Obama analisará "riscos de retirada" do país árabe, diz Gates Próximo Texto: Sob nova direção / Pontos quentes: Governo terá enviados para conflitos Índice
|