São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 2011 |
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros
"Cidade do lixo" é o principal gueto copta no Cairo COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO CAIRO No Cairo, há um lugar onde mais de 90% da população é cristã: as montanhas de Mokattam, subúrbio da capital egípcia. Nas ruas, cafés, prédios e lojas, encontram-se imagens de santos, da Virgem Maria e do papa copta. Com tatuagens de cruz na mão ou no punho, confirmam com orgulho a opção religiosa. A maioria vive por ali sem contato com o resto da cidade, principalmente a massa de muçulmanos. A comunidade abriga cerca de 30 mil moradores. Com oportunidades escassas, um nicho surgiu como solução: coletar as toneladas de lixo produzidas diariamente pelos habitantes do Cairo. Os cristãos tomaram conta do negócio e começaram a desenvolver o que é chamado de "Garbage City", ou cidade do lixo. Hoje, toda a economia do bairro gira em torno da coleta e reciclagem. A região é a principal responsável pelo reaproveitamento do lixo produzido no Cairo. Homens, mulheres, crianças e animais dividem as tarefas de separar lixo orgânico de tecido, papel e metal. O material depois é repassado aos moradores que trabalham nas ONGs da vila de Mokattam. Eles criam produtos como bolsas, brinquedos, tecidos e tapetes, revendidos em lojas no Egito e exterior. O cheiro e a presença do lixo são percebidos por todos os lugares. O trabalho é difícil, cansativo e o risco de contaminação é grande. De acordo com Moussa Nazmi, tradutor de uma ONG local, a receita mensal é pequena -uma pessoa recebe em média 1.000 libras egípcias, pouco mais de R$ 300. A reciclagem também contribuiu para Hanna Farthy, morador do local, desenvolver sua iniciativa sustentável. Com a ajuda de um estudioso americano que conheceu em uma missão da igreja ao Egito, construiu um painel solar feito de material reciclado da Garbage City. O custo do produto é quatro vezes menor que o encontrado no mercado egípcio. BELEZA E PAZ Em meio à sujeira, cheiro forte e barulho das máquinas, também é possível encontrar beleza e paz no topo das montanhas de Mokattam, no Monastério de São Simão. Com sete igrejas e catedrais, que foram descobertas ao longo dos anos dentro de diferentes cavernas, o monastério confirma a principal característica do local, a paixão pela religião. Na catedral principal, os fiéis fazem visitas e deixam seus bilhetes em uma pequena caixa, onde estão guardados os restos mortais de são Simão. Na saída, é possível ter uma visão panorâmica do restante do Cairo, com suas centenas de mesquitas que ressaltam o outro lado do Egito.(RR) Texto Anterior: Para professor, sectarismo é "marcante" Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |