São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

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Príncipe Harry vai lutar no Iraque, anuncia Coroa

Treinado na prestigiosa academia Sandhurst, filho mais novo de Charles e Diana deve ser enviado ao sul do país em junho

Comportamento do caçula é foco de tablóides; anúncio coincide com comunicado de início da retirada das tropas britânicas por Blair

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

Depois de ser flagrado em cenas de "mau comportamento" típico da idade -mas nem tanto da realeza-, o príncipe Harry, 22, terceiro na linha de sucessão da família real britânica, anunciou uma decisão que faz jus aos apelido de "wild boy" ("garoto selvagem") que lhe conferiram os tablóides do reino: irá combater com as tropas britânicas no Iraque.
Segundo informou ontem o Ministério da Defesa britânico, o filho caçula do príncipe Charles e da princesa Diana (1961-97) será enviado à guerra com seu regimento, o Blues and Royal, como segundo-tenente, comandando uma tropa de 12 soldados. O príncipe deve começar a servir no Iraque em junho, ficando no país por um período de seis a sete meses.
"A decisão de enviá-lo foi militar", afirmou o ministério em comunicado oficial. "A Casa Real foi consultada ao longo do processo."
No Iraque, Harry fará "o trabalho normal de um comandante de tropa", liderando "quatro veículos armados de reconhecimento, com três soldados em cada", informou o comunicado. Por motivo de segurança, não foram divulgados detalhes do local em que o príncipe irá atuar nem de que tipo de atividades ele participará.

Retirada
A confirmação do envio do neto da rainha Elizabeth 2ª à guerra veio um dia depois de o premiê Tony Blair anunciar uma a retirada de 1.600 dos 7.100 soldados britânicos no Iraque nos próximos meses.
O regimento de Harry será enviado para o Iraque dentro do programa de rotatividade das tropas em serviço. Segundo fontes do Blues and Royal citadas pela imprensa britânica, o jovem herdeiro do trono ficou "extremamente feliz" com o anúncio de sua ida ao Iraque.
Formado pela Academia Real Militar de Sandhurst em abril passado, o príncipe já havia manifestado sua vontade de participar de combates pelo Exército. Harry ameaçou inclusive largar a carreira militar se não fosse convocado por questões de segurança, devido a sua posição na família real.
"Não passei por Sandhurst para ficar sentado em casa enquanto meus companheiros estão lutando por seu país", disse ele à rede BBC em 2005.
Harry será o primeiro integrante da realeza britânica a participar de combates desde 1982, quando o príncipe Andrew, seu tio, lutou na Guerra das Malvinas. Tanto o príncipe Charles quanto o irmão mais velho de Harry, William, 24, passaram pelas Forças Armadas, mas foram poupados de combates devido às suas posições como herdeiros do trono.
Analistas militares consideram grandes os riscos de que o jovem membro da realeza se torne alvo preferencial de ataques no Iraque, onde 132 soldados britânicos já morreram desde a invasão, em 2003.

Ovelha negra
O envolvimento militar de Harry sempre foi visto com bons olhos pela família real, preocupada em "endireitar" o comportamento rebelde do caçula. Diferentemente do estilo bem comportado de seu pai e de seu irmão, Harry faz a alegria dos tablóides britânicos com suas histórias de bebedeiras, consumo de maconha e brigas com fotógrafos.
Para contrabalançar seu lado boêmio, a família real sempre procurou divulgar os trabalhos humanitários em que Harry se envolveu -ele ajudou a arrecadar dinheiro para os desabrigados do tsunami na Ásia, trabalhou como voluntário da Cruz Vermelha e passou um tempo trabalhando no Lesoto (África).


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