São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

entrevista

Senador diz que esquerda radical errou

DA REDAÇÃO

Edoardo Pollastri, 74, residente em São Paulo e um dos seis senadores representantes dos italianos que vivem fora da Itália, atribui a "um erro de avaliação" da extrema esquerda do país a abstenção na votação sobre política externa que provocou a demissão do ex-primeiro-ministro Romano Prodi. Pollastri elogia a política externa de Prodi e diz que a esquerda radical tem uma posição "antiquada" por querer a Itália fora de qualquer área de conflito, ainda que a ação seja apoiada pela ONU. "E o terrorismo, como se combate?", questiona. Com o equilíbrio de forças no Senado entre a coalizão de Prodi e a direita, os seis representantes "estrangeiros" -eleitos pela primeira vez na história em 2006- "têm peso quase determinante", diz o senador. "Cinco votam com Prodi hoje. Sem nossos votos, não haveria governo Prodi", disse ele, por telefone, do Senado italiano. (FLÁVIA MARREIRO)  

FOLHA - Como avalia a política externa do governo? Prodi errou ou a extrema esquerda?
EDOARDO POLLASTRI
- Votei a favor de Prodi. Para mim,a melhor performance do governo é na política externa. Equilibrou a Itália com a adesão a todas as missões em que a ONU está presente. Retirou-se do Iraque porque só depois a intervenção foi aprovada pela ONU. É absurdo que justamente essa política tenha tido voto contrário. Foi um erro de avaliação da extrema esquerda.

FOLHA - E quanto à base dos EUA, outro ponto controverso?
POLLASTRI
- Os EUA estão pedindo uma ampliação da base de Vicenza, que já tinha uma aprovação do [ex-premiê Silvio] Berlusconi. O Prodi deu continuidade. Não tinha como recuar. E há uma parte da população favorável a ela, porque cria empregos. E há uma parte contrária, por questões de segurança e meio ambiente. Mas essa é só parte do discurso. O fato é que temos uma esquerda radical que é contra a guerra de qualquer jeito, com ou sem ONU. É contrária à participação da Itália em qualquer conflito. É uma posição muito antiquada. E o terrorismo, como se combate?

FOLHA - A extrema esquerda acaba ajudando Berlusconi? Qual a saída para a crise?
POLLASTRI
- Exatamente. Bom... Hoje [ontem] a esquerda recuou um pouco. Recuaram, mas não sei se vão recuar daqui a três meses. A coalizão vai continuar a ser frágil. A saída da crise não vai ser rapidíssima. Teremos ainda mais dez, 15 dias pela frente. A meu ver, o primeiro passo será tentar um "Prodi bis", um segundo governo Prodi. A hipótese de dissolver o Parlamento é a menos provável.


Texto Anterior: Italianos rejeitam eleição antecipada
Próximo Texto: Última morada: Ex-coelhinha será sepultada nas Bahamas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.