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Italianos rejeitam eleição antecipada
Só 34% querem dissolução do Parlamento, diz "La Repubblica"; Prodi, o premiê demissionário, pode voltar ao cargo
Líderes dos partidos da aliança que sustentava
o governo concordaram
em apoiar a recondução
de Prodi ao seu posto
DA REDAÇÃO
Pesquisa encomendada pelo
jornal "La Repubblica" indica
que só 36% dos italianos querem a dissolução do Parlamento e a convocação de legislativas
antecipadas, hipótese que favoreceria o ex-primeiro-ministro
conservador Silvio Berlusconi.
Ainda pela pesquisa, 54%
querem que o premiê demissionário, Romano Prodi, seja
reconduzido à chefia do governo -alternativa que se tornou
ontem à noite a mais provável,
já que os líderes dos partidos da
coalizão de centro-esquerda,
que dava sustentação a Prodi,
concordaram em apoiar sua recondução ao cargo.
Uma outra alternativa era
que o posto de premiê fosse dado a um dos aliados dos partidos da base de Prodi.
Romano Prodi renunciou anteontem, depois que o Senado
rejeitou suas propostas de
manter os 1.900 soldados italianos no Afeganistão e permitir a ampliação da base americana em Vicenza.
O presidente Giorgio Napolitano prossegue hoje as consultas com partidos para definir
uma solução para a crise que
derrubou o moderado premiê,
um católico e ex-presidente da
Comissão Européia, 281 dias
depois de empossado.
"País de malucos"
"Somos um país de malucos",
afirmou Massimo d" Alema, vice-primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores, em
referência ao fato de o premiê
ter caído numa votação relativamente secundária, se comparada, por exemplo, à aprovação
do Orçamento, com cortes de
33,4 bilhões para o reequilíbrio
das contas públicas.
O mercado não chegou a reagir à crise, com a Bolsa de Milão
em alta de 0,58%. Luigi Speranza, analista do banco BNP
Paribas, afirma que, diante da
grande possibilidade de Prodi
ser reconduzido, o risco de impacto é bastante reduzido.
O próprio premiê demissionário conta com essa alternativa. Mas antes de se submeter a
um voto de confiança ele quer
um claro compromisso dos
grupos que o apóiam.
A Associated Press lembra
que na base de sustentação do
gabinete conviviam partidários
da dissolução da Otan, a aliança
militar ocidental, e "ideólogos"
que qualificavam o Hizbollah,
grupo radical islâmico, de "vítimas de chavões".
Apenas se a recostura da
aliança não tiver êxito, o presidente Napolitano poderá indicar para a chefia do governo o
ministro do Interior, Giuliano
Amato. O gabinete seria "técnico" e prepararia o país para
eleições que poriam fim à legislatura bem antes de 2011.
Jogo de Berlusconi
Essa hipótese seria do agrado
do ex-premiê Berlusconi
(2001-2006), para quem "a Itália nunca teve e nunca terá uma
maioria de esquerda".
O governo "técnico" faria
uma reforma política que daria
ao Senado o mesmo sistema de
distribuição de cadeiras já existente na Câmara: o bloco majoritário passa a ter uma maioria
ampliada e confortável. Prodi
tinha a maioria de apenas um
senador e foi derrubado pelo
"não" de dois aliados.
"Esperemos que depois dessa experiência traumática a esquerda radical compreenda
que o suicídio político não é do
interesse de ninguém", afirmou D'Alema, que já foi premiê
e líder do PSD, ex-Partido Comunista. Ele ainda criticou os
deputados trotskistas.
A dissidência de esquerda do
PSD, Refundação Comunista,
convocou para o fim de semana
manifestação pela permanência de Prodi, a quem, aliás, ela
ajudou a derrubar por meio de
um de seus senadores.
O que levou Gianfanco Fini,
da conservadora Aliança Nacional, a qualificar a esquerda
italiana de "esquizofrênica".
Com agências internacionais
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