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Como Bush, Obama limita direitos em prisão afegã
Segundo decisão, prisioneiros mantidos na base aérea americana de Bagram não têm o direito legal de contestar sua detenção
Ratificação foi golpe duro para advogados defensores de direitos humanos, que questionavam a política
do governo antecessor
CHARLIE SAVAGE
DO "NEW YORK TIMES",
EM WASHINGTON
A administração Obama disse a um juiz federal que prisioneiros militares no Afeganistão
não têm o direito legal de contestar sua detenção nesse país,
aderindo a um argumento-chave da equipe legal do ex-presidente George W. Bush.
Num registro de duas sentenças judiciais feito na noite
de sexta-feira, o Departamento
da Justiça disse que a nova administração reviu sua posição
com relação a uma ação movida
por prisioneiros na base da
Força Aérea americana em Bagram, ao norte da capital afegã.
A equipe de Obama determinou que a política de Bush estava correta: esses prisioneiros
não podem mover ações pedindo para serem libertados.
"Tendo estudado o assunto, o
governo adere a sua posição
previamente articulada", escreveu Michael F. Hertz, secretário-assistente interino da
Justiça.
A ação, que vem sendo acompanhada com atenção, é uma
ação judicial de habeas corpus
em nome de vários prisioneiros
que estão detidos há anos sem
julgamento e sem prazo previsto para serem libertados. Os
prisioneiros argumentam que
não são combatentes inimigos
e querem que um juiz reveja os
argumentos contra eles e ordene que os militares os libertem.
A administração Bush argumentou que as cortes federais
não têm jurisdição para ouvir
uma ação como essa porque os
prisioneiros não são cidadãos
americanos e estão detidos no
decurso de operações militares
fora dos EUA.
A equipe de Obama teve que
tomar uma posição quanto a isso porque um juiz distrital federal, John D. Bates, perguntou
ao novo governo se queria alterar essa posição.
A expectativa generalizada
entre os especialistas legais era
que a administração Obama tomasse a decisão que tomou.
Mas esse foi um duro golpe
para os advogados defensores
dos direitos humanos que contestaram a política da administração Bush de manter "combatentes inimigos" detidos por
tempo indeterminado sem levá-los a julgamento.
Durante anos a equipe legal
de Bush argumentou que os juízes federais não tinham autoridade, sob a Constituição, para
julgar contestações apresentadas por detentos na prisão militar de Guantánamo (Cuba) e
em outros lugares.
A Suprema Corte rejeitou a
visão legal da administração
Bush referente a prisioneiros
detidos em Guantánamo, em
decisões anunciadas em 2004 e
2006 e que foram vistas como
marcos. Mas essas decisões foram baseadas na ideia de que a
prisão de Guantánamo ficava
em solo americano.
Advogados de defesa dos direitos dos presos esperavam
que os tribunais estendessem
essas decisões, permitindo que
prisioneiros de outras partes
do mundo também pudessem
mover ações pedindo para serem libertados.
Tradução de CLARA ALLAIN
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