São Paulo, sexta-feira, 23 de março de 2007

Próximo Texto | Índice

Míssil cai a 50 m de secretário da ONU

Em visita a Bagdá, Ban Ki-Moon estava ao lado do primeiro-ministro iraquiano na Zona Verde, de segurança máxima

Atentado ocorreu na primeira visita de um chefe da ONU ao Iraque desde 2005; Ban elogiava a diminuição da violência

DA REDAÇÃO

Um atentado no Iraque surpreendeu ontem o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, durante uma entrevista coletiva em Bagdá.
Enquanto Ban falava à imprensa ao lado do premiê iraquiano, Nouri al Maliki, um foguete caiu próximo da sala de conferência, situada em um dos prédios da Zona Verde, a mais protegida da capital iraquiana.
Pouco após Ban dizer aos jornalistas presentes que pretendia incrementar a presença da ONU no Iraque, dado que as condições de segurança haviam melhorado, ouviu-se um estrondo. O sul-coreano abaixou-se atrás do púlpito, enquanto os seguranças correram para proteger Al Maliki. "Não foi nada", disse o premiê iraquiano.
Pequenos destroços do teto caíram devido ao tremor causado pela explosão, mas o secretário-geral da ONU logo se recompôs e continuou a falar, sem sequer mencionar o incidente. Após a coletiva, o ministro do Interior iraquiano, Jawad Bolani, comentou o ataque: "Não foi uma falha na segurança. Esse tipo de coisa acontece umas duas vezes por semana em Bagdá".
O projétil -um katiusha, segundo autoridades iraquianas- caiu a cerca de 50 metros do local onde estavam Ban e Maliki, num aposento de hóspedes anexo aos do primeiro-ministro. Como a visita de Ban estava sendo mantida sob sigilo, não se sabe se ele era o alvo do foguete. O Conselho de Segurança da ONU, que condenou o "abominável ataque terrorista", considerou em sua declaração que o alvo era o gabinete do premiê iraquiano. Ninguém se feriu no atentado.
A Zona Verde é uma área de segurança máxima controlada pelos EUA. Lá ficam, entre outras instalações, a sede do governo iraquiano e as embaixadas dos EUA e do Reino Unido.

Presença maior
A visita de Ban foi a primeira de um secretário-geral da ONU ao país desde a de Kofi Annan, em novembro de 2005.
As Nações Unidas diminuíram muito sua atuação no Iraque desde um atentado à sua sede em Bagdá, em 2003 -quando morreu o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello- e um subseqüente ataque à Cruz Vermelha, também na capital iraquiana.
Ban disse ontem ao premiê iraquiano pretender aumentar a presença da ONU no país. O sul-coreano também elogiou a "forte liderança" de Nouri al Maliki e promete auxílio na reconstrução e na restauração plena da segurança no país.
Sobre a situação política, Ban declarou esperar que "o governo iraquiano (...) empenhe-se num processo político de inclusão plena". Ele pediu ainda aos países da região que se engajem numa ajuda construtiva ao povo e ao governo do Iraque.

Conversas
Também ontem, o governo iraquiano disse que está há três meses mantendo contatos indiretos com grupos insurgentes sunitas, dentro e fora do Iraque, numa tentativa de desmobilizar milicianos. Foram excluídos das conversas grupos ligados à Al Qaeda e leais a Saddam Hussein. Ainda segundo o governo, as conversas chegaram a um impasse depois que os grupos colocaram como condição para o desarmamento a fixação de um cronograma de retirada das tropas da coalizão lideradas pelos EUA.
O premiê Maliki também se encontrou com um líder extremista da milícia xiita de Moqtada al Sadr que estava preso até ontem, Ahmed al Shibani. De acordo com o governo, Shibani, que foi capturado em 2004, pode ajudar nas negociações políticas que visam diminuir a violência sectária no país.


Com agências internacionais


Próximo Texto: Saiba mais: Atentados afastaram ONU do Iraque
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.