São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2011

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"Não me importo em morrer pela Líbia", diz opositor ferido

DO ENVIADO A BENGHAZI (LÍBIA)

Vinte e seis feridos chegaram anteontem ao hospital de Jala, no centro de Benghazi, vindos dos fronts em Ajdabyah e Brega com queimaduras graves. Nenhum deles sobreviveu.
A ala de queimados do hospital visitado ontem pela Folha está tão cheia que vários pacientes vêm sendo realocados em outras áreas, inclusive na UTI, lotada.
São vítimas, civis e combatentes, de artilharia e foguetes disparados pelas tropas do ditador Muammar Gaddafi no leste da Líbia.
Um dos queimados mais graves era Abdelkader Souissi, um taxista que havia colocado seu carro à disposição dos rebeldes e acabou atingido em Darna.
Com o rosto desfigurado pelo fogo e abdômen coberto com uma grossa camada de curativos, ele tentava dizer, com voz embargada e grande dificuldade de raciocínio, que Gaddafi é um "louco que quer matar o mundo inteiro, não só os líbios".
"Por que ele está fazendo isso? Só porque queremos liberdade?", questionou Souissi, agitado em seu leito.
Um andar acima, Faraj Omar, comerciante que combateu em Benghazi, estava sentado em uma cama, aparentando grande dificuldade para respirar.
Seu peito estava coberto por um curativo que escondia queimaduras profundas no peito.
Questionado se estava arrependido de ter largado a vida de comerciante para ir ao front, Omar respondeu de bate pronto: "Dizer que meu sacrifício vale a pena é pouco. Não me importaria em morrer pelo bem da Líbia".
O mais ferido era um jovem não combatente de 19 anos. Seu rosto estava coberto por uma camada de pus misturada à pomada. Somente a boca se mexia, mas ele estava consciente. (SA)

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