São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2011

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Jornalistas do "Times" relatam tensão sob poder dos soldados

DE SÃO PAULO

O governo líbio, com a intermediação dos diplomatas turcos, liberou anteontem os quatro jornalistas americanos do jornal "New York Times" capturados pelas forças de Gaddafi em Ajdabiya.
Os repórteres Anthony Shadid, duas vezes ganhador do Pulitzer, e Stephen Farrell, ao lado dos fotógrafos Tyler Hicks e Lynsey Addario, ficaram seis dias sob poder de aliados do ditador.
Em texto publicado no jornal, os profissionais disseram que foram surpreendidos na saída da cidade em um ponto de bloqueio.
"Pedi para o motorista: "continue dirigindo! Não pare! Não pare'", relembrou Hicks. Mas reconhece que o motorista fez o certo. Se tivesse avançado, segundo ele, o carro teria sido alvejado.
Os soldados ordenaram que os quatro esvaziassem os bolsos e deitassem no chão. "Ouvi em árabe: "atirem neles'", disse Shadid, que entende um pouco o idioma.
Mas outro se manifestou dizendo que isso não era possível por serem americanos.
Os soldados usaram arame e fios elétricos a fim de prender os americanos.
Depois de amarrar os tornozelos de Addario com o cadarço do seu próprio calçado, o soldado deu um soco no rosto da fotógrafa e riu. Outro homem apalpou seus seios, início de um comportamento em relação a ela que se repetiria nas próximas 48 horas.
Sempre que paravam nos pontos de bloqueio controlados por Gaddafi, os quatro sofriam golpes e coronhadas.
Após passarem duas noites em condições precárias, em uma prisão onde tinham somente uma garrafa para urinar, foram levados de avião para a capital Trípoli.
Quando chegaram, na quinta-feira passada, foram entregues aos funcionários da Defesa, o que marcou o começo das negociações.


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