São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2011

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Japão tem nível alto de radiação em água do mar

EUA suspendem importação de alimentos de região perto de usina

Governo diz que níveis de radiação não afetam saúde; no Brasil, Anvisa diz que vai monitorar os importados japoneses

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO

O Japão detectou substâncias radioativas em água marinha até 16 km da usina nuclear de Fukushima, localizada no litoral e danificada por terremoto e tsunami.
A descoberta pode impactar a produção pesqueira, exportada para vários países.
A empresa Tepco, que opera a usina, informou que uma amostra coletada a 330 metros do sistema de escoamento da usina tinha 126,7 vezes mais iodo-131 que o limite.
Já a concentração de césio-137 era 16,5 vezes maior do que o permitido.
A 16 km da usina, o iodo-131 tinha uma concentração 16,4 vezes maior que o limite. A pesca está temporariamente suspensa em toda a área.
Como se trata do primeiro acidente nuclear dessa gravidade à beira do mar, especialistas têm dificuldades de projetar como a radiação pode se propagar no Pacífico.
Mas o medo de contaminação já provocou estragos. Os EUA proibiram ontem a importação de alguns produtos alimentícios japoneses.
A rede de mercados sul-coreana Lotte Mart cancelou as compras do Japão. Em Taiwan, o restaurante de luxo Peony disponibilizou um contador Geiger para que seus clientes testem o peixe.
Ontem, a Folha esteve no mercado Tsukiji de Tóquio, o maior para venda de peixe do mundo. Segundo o comerciante Arigahu Yamaguchi, o movimento foi normal. Mas os turistas não apareceram.
O Brasil é um pequeno importador de peixe do Japão.
No ano passado, foram 300,3 toneladas de pescado.
Além disso, o país importa poucos produtos alimentícios do Japão, e a lista não inclui itens em que foi detectada contaminação por radiação, como leite, espinafre e folhas de crisântemo.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que não há no Brasil alimentos importados do Japão depois do tsunami -e que poderiam ter radiação.
A agência disse ainda que irá acompanhar as futuras importações do Japão.

RISCOS NO MAR
A principal preocupação japonesa é com o césio-137, que permanece mais tempo no ambiente e pode contaminar a vida marinha.
"Essa informação, de quantas vezes a radiação está acima do limite, está imprecisa porque não conhecemos o limite definido pelo governo japonês", diz Laercio Vinhas, diretor de radioproteção e segurança nuclear da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear).
"O risco que isso representa está ligado à incorporação dessas partículas radioativas. Se ninguém beber água do mar ou consumir vida marinha naquela região, o risco será baixo", completa. O número de mortos no desastre do Japão chegou a 9.199. Ainda há 13.768 pessoas desaparecidas.

Colaborou SABINE RIGHETTI


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