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EUA usaram provas
falsificadas, diz Blix
DE NOVA YORK
O chefe dos inspetores de armas
da ONU, Hans Blix, pediu ontem
a volta de sua equipe ao Iraque e
criticou os argumentos dos EUA
para justificar o ataque ao país
-chegou a dizer, em entrevista,
que Washington utilizou documentos falsos para embasar uma
das acusações contra o Iraque.
Em sua primeira apresentação
ao Conselho de Segurança (CS)
desde o início da guerra, em 20 de
março, o sueco disse que a procura pelas armas do regime de Saddam Hussein deve ser feita por um grupo da ONU e não por funcionários dos EUA. Os EUA citavam a suposta existência das armas como motivo para a guerra.
"Podemos não ser os únicos no
mundo que têm credibilidade,
mas acho que temos credibilidade
para sermos objetivos e independentes", afirmou Blix.
Ele buscou, porém, não entrar
em rota de conflito com americanos que já estão no Iraque atrás
das armas. "Estamos convencidos
da determinação dos inspetores
que estão lá. Mas ao mesmo tempo também estou convencido de
que o mundo e o CS gostariam de
uma inspeção independente."
Se foi diplomático com seus colegas inspetores, Blix não poupou
os serviços de inteligência anglo-americanos. Ele disse ser "muito
perturbador" que eles não tenham conseguido identificar como falsos os documentos que sugeriam que o Iraque tentara comprar urânio de Níger.
"Não é perturbador que essas
agências de inteligência, que deveriam ter todos os meios à sua
disposição, não descobriram que
isso era falsificado?", perguntou,
em entrevista à BBC.
"Os EUA estavam muito ansiosos para influenciar os votos no
CS. Sentiram que histórias assim
seriam úteis e deram espaço a
elas", afirmou ele. Blix evitou acusar os EUA e o Reino Unido de falsificação: "Não iria tão longe".
A Casa Branca reagiu por meio
de seu porta-voz, Ari Fleischer.
"Seria uma pena se Blix de alguma forma criticasse os EUA hoje",
disse ele. Blix isentou o secretário
de Estado dos EUA, Colin Powell,
que apresentou os argumentos na
ONU. "Se você está no comando,
não pode checar tudo."
(RD)
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