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São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2003

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EUA usaram provas falsificadas, diz Blix

DE NOVA YORK

O chefe dos inspetores de armas da ONU, Hans Blix, pediu ontem a volta de sua equipe ao Iraque e criticou os argumentos dos EUA para justificar o ataque ao país -chegou a dizer, em entrevista, que Washington utilizou documentos falsos para embasar uma das acusações contra o Iraque.
Em sua primeira apresentação ao Conselho de Segurança (CS) desde o início da guerra, em 20 de março, o sueco disse que a procura pelas armas do regime de Saddam Hussein deve ser feita por um grupo da ONU e não por funcionários dos EUA. Os EUA citavam a suposta existência das armas como motivo para a guerra.
"Podemos não ser os únicos no mundo que têm credibilidade, mas acho que temos credibilidade para sermos objetivos e independentes", afirmou Blix.
Ele buscou, porém, não entrar em rota de conflito com americanos que já estão no Iraque atrás das armas. "Estamos convencidos da determinação dos inspetores que estão lá. Mas ao mesmo tempo também estou convencido de que o mundo e o CS gostariam de uma inspeção independente."
Se foi diplomático com seus colegas inspetores, Blix não poupou os serviços de inteligência anglo-americanos. Ele disse ser "muito perturbador" que eles não tenham conseguido identificar como falsos os documentos que sugeriam que o Iraque tentara comprar urânio de Níger.
"Não é perturbador que essas agências de inteligência, que deveriam ter todos os meios à sua disposição, não descobriram que isso era falsificado?", perguntou, em entrevista à BBC.
"Os EUA estavam muito ansiosos para influenciar os votos no CS. Sentiram que histórias assim seriam úteis e deram espaço a elas", afirmou ele. Blix evitou acusar os EUA e o Reino Unido de falsificação: "Não iria tão longe".
A Casa Branca reagiu por meio de seu porta-voz, Ari Fleischer. "Seria uma pena se Blix de alguma forma criticasse os EUA hoje", disse ele. Blix isentou o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, que apresentou os argumentos na ONU. "Se você está no comando, não pode checar tudo." (RD)


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