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ÁSIA
Após concessão, segue protesto de nepaleses
DA REDAÇÃO
Forças de segurança nepalesas
abriram fogo e atiraram bombas
de gás lacrimogêneo contra dezenas de milhares de manifestantes
que marchavam ontem em direção ao palácio real, no centro de
Katmandu, exigindo o fim da monarquia. Não foram registradas
mortes, mas estimativas distintas
divulgadas pelas agências internacionais colocavam o saldo de
feridos na casa das centenas.
Os confrontos ocorreram um
dia depois que o rei Gyanendra,
cedendo a mais de duas semanas
de pressões, disse que devolveria a
soberania ao povo e pediu que os
partidos políticos indicassem um
premiê. A decisão, porém, não
aplacou o ânimo da oposição.
"Não aceitaremos. Vamos continuar os protestos", disse Madhav Kumar Nepal, secretário-geral do Partido Comunista do Nepal, um dos sete partidos que
compõem a frente de oposição.
Em nota conjunta, a coalizão
qualificou a iniciativa de Gyanendra de "insignificante e inapropriada", instando a população a
intensificar as pressões em favor
da democracia e pedindo que as
forças de segurança se juntem aos
protestos.
No bairro de Thapathali, em
Katmandu, soldados e policiais
dispararam tiros contra a multidão que desafiava o toque de recolher que vigora entre as 9h e a
0h. Veículos blindados bloquearam as principais vias de acesso
ao palácio e ao centro da cidade,
dispersando a multidão com
bombas de gás lacrimogêneo.
Os protestos também reuniram
cerca de 50 mil pessoas na cidade
de Pokhara. À tarde, as manifestações arrefeceram.
Partidos políticos afirmaram
que cerca de 150 pessoas foram feridas. De acordo com a Cruz Vermelha nepalesa, o número de feridos chegou a 243. Para um dos
hospitais da capital foram levadas
cerca de cem pessoas, segundo
fontes médicas. "A maioria foi ferida pelo gás lacrimogêneo ou pisoteada durante a fuga. Mas alguns têm ferimentos de bala", disse um médico.
O monarca assumiu poderes
absolutos em fevereiro de 2005,
quando fechou o Parlamento e
centralizou todas as decisões políticas e administrativas, sob o argumento de neutralizar a guerrilha maoísta, que em uma década
já provocou 13 mil mortes.
Em reação, a frente de oposição
comandou uma greve geral e promoveu manifestações em favor da
democracia que paralisaram o
país desde o último dia 6. Ao menos 14 pessoas morreram em confronto com a polícia.
Os manifestantes querem o retorno do Parlamento e a eleição
de uma Assembléia Constituinte
para reduzir os poderes do monarca a um plano simbólico.
"O mar de pessoas nas ruas prova que o povo nepalês quer se livrar desse regime feudal para
sempre", disse Prachanda, líder
da guerrilha maoísta.
Embaixadores europeus exortaram a oposição a considerar a
oferta de Gyanendra. Em Washington, a secretária de Estado
dos EUA, Condoleezza Rice, disse
que seu país considera bem-vinda
a proposta do monarca nepalês.
Com agências internacionais
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