São Paulo, quinta-feira, 23 de abril de 2009

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Lugo é confrontado com 3ª alegação de paternidade seguida

Reconhecimento do 2º filho foi pedido ontem na Justiça; há dez dias, presidente do Paraguai reconheceu 1ª criança

Damiana Morán, 39, que dirigia Pastoral Social, diz ser mãe de filho de 16 meses do ex-bispo; ela não irá à Justiça para não prejudicá-lo


DA REDAÇÃO

O escândalo das reivindicações de paternidade em que se vê envolvido o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, teve ontem um novo capítulo com o surgimento do terceiro caso em menos de duas semanas. Damiana Morán, 39, disse ontem que um de seus filhos, de 16 meses, é fruto de relacionamento com Lugo, também quando ele ainda era sacerdote católico.
Anteontem, Lugo já cancelara viagem oficial aos EUA ao vir a público a reivindicação de Benigna Leguizamón, 27, que diz ser mãe de um filho de seis anos do presidente. Na semana passada, Lugo reconhecera a paternidade de Guillermo Armindo, de quase dois anos.
Com a sequência de alegações, o caso, ainda que considerado de pequeno potencial de dano político por analistas, pode gerar baixas no governismo. Os rumores ontem eram de possíveis renúncias das ministras das áreas da Mulher e da Criança e do Adolescente.
Diferentemente de Leguizamón, porém, Morán disse que não pretende buscar na Justiça o reconhecimento da paternidade do menino, fruto "de amor e de entrega". Ela afirmou que fez a revelação apenas "para que se saiba a verdade".
"O que eu posso assegurar é que foi uma explosão de sentimentos, que por essas coisas de Deus e da vida acabou resultando num fruto, o Juan Pablo."
O nome do menino é uma homenagem ao papa João Paulo 2º, morto em abril de 2005.
Desde o reconhecimento da paternidade de Guillermo, Lugo não comenta as alegações.
Ao "ABC Color", Morán, ex-coordenadora da Pastoral Social de San Lorenzo, perto de Assunção, disse que conheceu Lugo após terminar, em 2004, um casamento de 17 anos. Morán disse que manteve o segredo para não prejudicá-lo.
Morán disse também ter tido acesso a uma lista com seis mulheres -três além das já reveladas - que reivindicariam a paternidade. Segundo ela, as supostas mães concordaram em formar uma "associação" para evitar o uso político dos casos.
Lugo, que se notabilizou como o "bispo dos pobres" no departamento de San Pedro até renunciar à diocese, em 2004, pediu afastamento da atividade clerical para se lançar à Presidência. O pedido foi aceito pelo Vaticano em julho de 2008, um mês antes de sua posse.
Como no caso de Guillermo, as duas outras crianças foram concebidas portanto antes de Lugo obter a "perda do estado clerical". Mesmo que a paternidade não se comprove nos dois novos casos, o reconhecimento no primeiro deles já inviabilizaria o eventual retorno de Lugo à atividade eclesiástica.
Ontem, Leguizamón, que havia recusado na véspera acordo extrajudicial proposto pelo advogado de Lugo, entrou na Justiça com pedido de exame de DNA e de pensão alimentícia em Ciudad del Este, onde vive.

Danos limitados
Apesar dos danos à imagem de Lugo, que viu sua aprovação cair 16 pontos percentuais depois da primeira revelação -para 48%-, a crise não deverá ter reflexos no apoio da base governista enquanto se mantiver no que é considerada a esfera privada do presidente e não envolver corrupção ou prejudicar as políticas do governo.
Lugo preserva o apoio do Partido Liberal Autêntico Radical (centro-direita), maior agremiação da aliança governista, embora a sua relação com o principal expoente liberal do governo, o vice-presidente Federico Franco, tenha se deteriorado nos últimos dias.
Para o editor de política do "Última Hora", Víctor Dentella, os protestos e ameaças da oposição, liderada pelo Partido Colorado, de realizar um juízo político do presidente não têm chances de prosperar enquanto Lugo mantiver maioria no Congresso. (AMARO GRASSI)


Com agências internacionais


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