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Lugo é confrontado com 3ª alegação de paternidade seguida
Reconhecimento do 2º filho foi pedido ontem na Justiça; há dez dias, presidente do Paraguai reconheceu 1ª criança
Damiana Morán, 39, que dirigia Pastoral Social, diz ser mãe de filho de 16 meses do ex-bispo; ela não irá à Justiça para não prejudicá-lo
DA REDAÇÃO
O escândalo das reivindicações de paternidade em que se
vê envolvido o presidente do
Paraguai, Fernando Lugo, teve
ontem um novo capítulo com o
surgimento do terceiro caso em
menos de duas semanas. Damiana Morán, 39, disse ontem
que um de seus filhos, de 16 meses, é fruto de relacionamento
com Lugo, também quando ele
ainda era sacerdote católico.
Anteontem, Lugo já cancelara viagem oficial aos EUA ao vir
a público a reivindicação de Benigna Leguizamón, 27, que diz
ser mãe de um filho de seis anos
do presidente. Na semana passada, Lugo reconhecera a paternidade de Guillermo Armindo, de quase dois anos.
Com a sequência de alegações, o caso, ainda que considerado de pequeno potencial de
dano político por analistas, pode gerar baixas no governismo.
Os rumores ontem eram de
possíveis renúncias das ministras das áreas da Mulher e da
Criança e do Adolescente.
Diferentemente de Leguizamón, porém, Morán disse que
não pretende buscar na Justiça
o reconhecimento da paternidade do menino, fruto "de
amor e de entrega". Ela afirmou que fez a revelação apenas
"para que se saiba a verdade".
"O que eu posso assegurar é
que foi uma explosão de sentimentos, que por essas coisas de
Deus e da vida acabou resultando num fruto, o Juan Pablo."
O nome do menino é uma homenagem ao papa João Paulo
2º, morto em abril de 2005.
Desde o reconhecimento da
paternidade de Guillermo, Lugo não comenta as alegações.
Ao "ABC Color", Morán, ex-coordenadora da Pastoral Social de San Lorenzo, perto de
Assunção, disse que conheceu
Lugo após terminar, em 2004,
um casamento de 17 anos. Morán disse que manteve o segredo para não prejudicá-lo.
Morán disse também ter tido
acesso a uma lista com seis mulheres -três além das já reveladas - que reivindicariam a paternidade. Segundo ela, as supostas mães concordaram em
formar uma "associação" para
evitar o uso político dos casos.
Lugo, que se notabilizou como o "bispo dos pobres" no departamento de San Pedro até
renunciar à diocese, em 2004,
pediu afastamento da atividade
clerical para se lançar à Presidência. O pedido foi aceito pelo
Vaticano em julho de 2008, um
mês antes de sua posse.
Como no caso de Guillermo,
as duas outras crianças foram
concebidas portanto antes de
Lugo obter a "perda do estado
clerical". Mesmo que a paternidade não se comprove nos dois
novos casos, o reconhecimento
no primeiro deles já inviabilizaria o eventual retorno de Lugo à atividade eclesiástica.
Ontem, Leguizamón, que havia recusado na véspera acordo
extrajudicial proposto pelo advogado de Lugo, entrou na Justiça com pedido de exame de
DNA e de pensão alimentícia
em Ciudad del Este, onde vive.
Danos limitados
Apesar dos danos à imagem
de Lugo, que viu sua aprovação
cair 16 pontos percentuais depois da primeira revelação
-para 48%-, a crise não deverá ter reflexos no apoio da base
governista enquanto se mantiver no que é considerada a esfera privada do presidente e não
envolver corrupção ou prejudicar as políticas do governo.
Lugo preserva o apoio do
Partido Liberal Autêntico Radical (centro-direita), maior
agremiação da aliança governista, embora a sua relação com
o principal expoente liberal do
governo, o vice-presidente Federico Franco, tenha se deteriorado nos últimos dias.
Para o editor de política do
"Última Hora", Víctor Dentella,
os protestos e ameaças da oposição, liderada pelo Partido Colorado, de realizar um juízo político do presidente não têm
chances de prosperar enquanto
Lugo mantiver maioria no
Congresso.
(AMARO GRASSI)
Com agências internacionais
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