São Paulo, quinta-feira, 23 de abril de 2009

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Justiça da Venezuela solicita à Interpol prisão de líder opositor

Peru diz que pedido não deve ter efeito devido à requisição de asilo por Rosales

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

A Justiça venezuelana solicitou ontem à Interpol (polícia internacional) a prisão preventiva do líder opositor e prefeito licenciado de Maracaibo, Manuel Rosales, um dia depois de ele ter entrado com um pedido de asilo político no Peru.
"[Rosales] demonstrou não ter vontade de se submeter ao processo no qual é réu", justificou, via nota à imprensa, a juíza Reina Morandy. O opositor deveria ter comparecido a uma audiência judicial na última segunda, mas desde domingo já estava em Lima.
Apesar de o Peru ser um dos 187 países que participam da Interpol, o pedido de prisão não terá efeito prático por causa da solicitação de asilo à Chancelaria peruana, que ontem prometeu uma decisão dentro de até duas semanas -prazo menor que os dois meses normalmente previstos.
Em suas primeiras declarações em Lima, Rosales disse confiar que o Peru lhe dará asilo político e não estar preocupado com o pedido à Interpol.
O opositor ainda gravou um vídeo, transmitido na Venezuela, em que volta a acusar o presidente Hugo Chávez de estar por trás do processo que o acusa de enriquecimento ilícito.
Rosales chamou o adversário de "ditadorzinho", "golpista" e "violador da Constituição", entre outros epítetos.
Logo após as declarações de Rosales, o chanceler peruano, José Antonio García Belaunde, afirmou que seu país "não pode ser usado como uma plataforma política para nenhum estrangeiro porque isso violaria a própria natureza do refúgio".
Segundo o Ministério Público, Rosales não soube justificar o ganho de 147 mil bolívares fortes (US$ 68 mil, no oficial; US$ 24,5 mil, no paralelo) entre os anos de 2002 e 2004, quando era governador de Zulia, o Estado mais rico do país por causa do petróleo.
O prefeito licenciado de Maracaibo, a segunda maior cidade do país, diz ter apresentado provas da origem do dinheiro.
Ele estava escondido desde o fim de março, quando sua prisão passou a ser iminente. Em seguida, pediu afastamento do cargo, que ocupava desde o final de 2008, após ter vencido as eleições de novembro e de ter feito seu sucessor em Zulia.

"Rosales da revolução"
O ex-governador distrital de Caracas, o chavista Juan Barreto (2004-08), foi denunciado ontem por corrupção pelo Ministério Público. Impopular, ele não chegou a disputar a reeleição. É acusado de irregularidades durante a implantação de um sistema de vigilância.
Barreto sugeriu ter sido denunciado para que a Promotoria demonstrasse apartidarismo. "Se quiserem me converter em Rosales da revolução, não sou Rosales nem Rosito", disse. E afirmou que foi ele próprio o autor da acusação que consta no processo e que a denúncia foi uma surpresa.


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