São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Ação em Rishon Letzion feriu 37 e pode trazer retaliação militar; Brigadas dos Mártires de Al Aqsa assumem autoria

Suicida mata 2 em novo atentado em Israel

DA REDAÇÃO

Um terrorista suicida palestino matou pelo menos duas pessoas e feriu 37 -quatro com gravidade- ao se explodir por volta das 21h de ontem numa movimentada zona de pedestres de Rishon Letzion, cidade a 15 km ao sul de Tel Aviv. As Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, grupo dissidente do Fatah (partido do líder palestino Iasser Arafat) reivindicaram a autoria do ataque.
Pedaços de um corpo, que as autoridades acreditavam ser do agressor, ficaram espalhados pela calçada. O comandante de polícia Haim Cohen descreveu o terrorista como alguém "de aparência européia, com cabelo curto tingido de loiro, em estilo punk". "Acredito que ele tentou se disfarçar."
Ele carregava cerca de sete quilos de explosivos, com pregos e pedaços de metal para ferir mais pessoas. As vítimas, segundo a TV israelense, são um garoto de 15 anos e um homem de 61.

Xadrez
A rua Rotschild, local da explosão, é um tradicional ponto de encontro onde muitas pessoas -sobretudo imigrantes das ex-Repúblicas soviéticas- se reúnem para jogar cartas, xadrez e gamão. "O lugar estava cheio de pessoas de idade jogando xadrez", contou David, 21, que ficou ferido.
Foi o segundo atentado do gênero na cidade em duas semanas. Em 7 de maio, outro suicida matou 15 pessoas num clube de bilhar da cidade.
Extremistas palestinos têm usado homens e mulheres-bomba como principal arma no conflito com Israel. Desde setembro de 2000, quando começou a Intifada (levante), já foram registrados cerca de 60 atentados suicidas. Israel diz que deteve muitos outros.
Segundo as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, a ação de ontem seria vingança pelo assassinato no Líbano, na segunda-feira, de Jihad Jibril, filho de Ahmed Jibril, líder do grupo radical Frente Popular para a Libertação da Palestina-Comando Geral. A organização culpa Israel pelo ocorrido. O país nega qualquer envolvimento.
Os ataques frequentes a civis no país têm provocado pesadas reações do Exército israelense, cujo governo vem tentando "destruir a infra-estrutura do terror" na Cisjordânia -região de onde parte a maioria dos suicidas.
Após o atentado anterior em Rishon Letzion, o governo do premiê Ariel Sharon chegou a se preparar para lançar na faixa de Gaza campanha semelhante à realizada na Cisjordânia. Suspendeu a nova invasão após sofrer pressão dos EUA e alegando ter perdido o elemento surpresa da ofensiva, depois de a imprensa ter revelado detalhes da operação.
Agora, porém, Sharon está sob grande pressão interna para agir -além dos dois atentados em Rishon Letzion, o país foi alvo de outro suicida no último domingo, que matou três pessoas num mercado de Netania.
"Israel não vai se curvar ao terror, e usaremos todas as medidas necessárias para extirpá-lo", disse David Baker, assessor de Sharon.
A Autoridade Nacional Palestina (ANP), presidida por Arafat e acusada por Israel de ser responsável pelos atentados, condenou o ataque de ontem.

Incursões militares
Horas antes do atentado, militares israelenses continuavam a realizar incursões para capturar nos territórios palestinos suspeitos de envolvimento com o terrorismo.
O Exército bloqueou a principal estrada que liga as regiões norte e sul da faixa de Gaza, praticamente dividindo o território ao meio. Oficiais afirmaram que a iniciativa era uma resposta a seguidos disparos com morteiros contra assentamentos judaicos na região nos últimos dias. A rota foi liberada para o tráfego no final do dia.
Na Cisjordânia, houve vários enfrentamentos em Belém, Nablus e Jenin. O líder das Brigadas de Al Aqsa em Nablus, Mahmoud Titi, 30, morreu em ação do Exército israelense.
Segundo fontes militares, um palestino morreu perto de Jenin quando os explosivos que estaria carregando para promover um atentado explodiram prematuramente. Ele seria integrante do grupo extremista islâmico Jihad Islâmico.
Outro palestino, Moussa Daraghmeh, 35, morreu baleado quando passava por um posto de controle israelense entre Belém e Jerusalém. O Exército diz que os disparos foram feitos porque ele teria se negado a parar, avançando na direção dos soldados.
Ao menos 1.362 palestinos e 477 israelenses já morreram desde o início da revolta palestina, em setembro de 2000.


Com agências internacionais

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