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Bombardeio dos EUA mata 17 civis, diz governo afegão
Saldo de mortos na ação, incluindo militantes do Taleban, pode chegar a 97
EUA dizem que insurgentes se escondem em casas e os culpam por mortes de civis; mãe de vítima conta que havia 10 mortos em sua casa
Shan Marai - 21.mai.2006/France Presse
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Sapo-arlequim colombiano (gênero Atelopus) |
DA REDAÇÃO
Bombardeios de aviões dos
EUA no sul do Afeganistão deixaram até 97 mortos nos dois
últimos dias, dos quais 17 são
civis, segundo autoridades locais. Os outros 80 são supostos
militantes do Taleban.
A ação, iniciada na noite de
anteontem na vila de Azizi, visava alvos do Taleban e atingiu
uma escola religiosa e casas.
Foi um dos piores ataques desde a invasão do país pelos EUA,
em 2001.
Um comunicado das forças
estrangeiras no Afeganistão relatou a morte de 20 membros
do Taleban e afirmou que ainda
havia mais 60 mortes a confirmar. Autoridades afegãs anunciaram as mortes de 17 civis.
Feridos, incluindo mulheres
e crianças, foram levados para
um hospital em Kandahar. A
mãe de um bebê de oito meses
ferido na ação disse ter visto
mortos por toda parte.
O comandante das tropas dos
EUA, general Karl Eikenberry,
afirmou que estava sendo apurado o motivo de civis também
terem morrido.
Com o ataque de ontem, o
número de mortos desde a última quarta-feira, entre militantes, soldados afegãos e estrangeiros e civis, chegou a 285.
Ataques sazonais
Nesta época do ano, é comum
que cresçam os ataques de insurgentes no Afeganistão, conforme derrete a neve nas montanhas ocupadas por eles, mas a
intensidade das ações e reações
está maior neste ano.
Milhares de soldados da
Otan (aliança militar ocidental)
já foram mandados para o sul
do país, que concentra os remanescentes do Taleban. Desde
julho passado, a aliança assumiu o comando das forças estrangeiras nessa região, em
substituição aos EUA.
Segundo Eikenberry, há mais
militantes e traficantes de drogas no sul do Afeganistão neste
ano. Ele disse que quase todos
os últimos confrontos com a insurgência foram iniciativa da
Otan e das tropas afegãs.
O general estima em várias
centenas as mortes de membros do Taleban nas últimas semanas.
O governador de Kandahar,
Asadullah Khalid, afirmou que
16 civis haviam morrido em
Azizi e que outros 16, feridos,
haviam sido levados para hospitais. Um deles acabou morrendo.
Tanto o governador como
um porta-voz das forças dos
EUA culparam o Taleban por
mortes de civis, alegando que
os militantes se escondem em
casas, mas o americano se disse
certo de que o bombardeio
atingiu um complexo do grupo.
Um dos feridos afirmou que
militantes haviam se escondido
numa escola religiosa, fugindo
de confrontos nos últimos dias,
e que, com os bombardeios,
tentaram se abrigar em casas.
Zurmina Bibi, a mãe do bebê
ferido, disse que cerca de dez
pessoas haviam morrido em
sua casa, incluindo até quatro
crianças. Jornalistas não puderam entrar em Azizi.
O presidente do Afeganistão,
Hamid Karzai, havia pedido no
mês passado que as tropas dos
EUA tivessem cuidado ao atacar o Taleban em áreas residenciais. O pior incidente com civis
ocorreu em julho de 2002, com
48 mortos e 117 feridos em
bombardeio a um casamento.
Acusações
Anteontem, o chanceler do
Afeganistão, Rangeen Dadfar
Spanta, afirmou que líderes do
Taleban estão no Paquistão e
comandam ações desde o território vizinho.
O Ministério de Relações Exteriores paquistanês respondeu dizendo que seu país não
pode ser culpado e que os afegãos não conseguiam lidar com
a situação de segurança.
Com agências internacionais
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