DA REDAÇÃO

Diplomatas ligados à AIEA (agência atômica da ONU) afirmaram ontem que os EUA estão preparando um protesto formal contra o diretor-geral da agência, o egípcio Mohammed el Baradei. Ainda à procura de apoio de outros países para tal protesto, os americanos pretendem notificar à diretoria da AIEA que recentes comentários públicos de Baradei sobre as atividades nucleares do Irã "não ajudam muito".
Baradei afirmou recentemente que, em vista da constatação, pela AIEA, de que o país já desenvolveu tecnologia para enriquecer urânio numa escala maior do que vinha fazendo, não adianta mais exigir que os iranianos suspendam o processo -o egípcio defende que a ONU concentre-se em se certificar de que o Irã limitará a dimensão desse processo de enriquecimento.
Os EUA, à frente de um grupo de potências ocidentais -entre as quais Reino Unido e França- que exigem a suspensão de toda a atividade nuclear do Irã por temerem que o país produza armas nucleares, encaram as declarações do diretor-geral da AIEA como uma tomada de posição pró-Teerã.
Mais que isso, as palavras de Baradei podem abalar o frágil consenso entre os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China) pela exigência de que o Irã suspenda seu programa nuclear. Consenso esse que já rendeu sanções econômicas ao país do Oriente Médio.
Novas sanções podem ser propostas em virtude do relatório que a AIEA deve apresentar amanhã, justamente com a conclusão já adiantada por Baradei.