São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2008

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Para acordo, Israel quer que Síria rompa com o Irã

DO "FINANCIAL TIMES", EM JERUSALÉM

Israel ontem não deixou dúvida quanto ao que exigirá da Síria como parte das negociações de paz "indiretas" entre os dois inimigos, anunciadas nesta semana: o fim de todo apoio aos grupos militantes antiisraelenses, como o Hamas e o Hizbollah, e um rompimento claro com o Irã, o mais próximo aliado de Damasco na região.
Tzipi Livni, chanceler israelense, disse que "Israel sempre desejou -e deseja- viver em paz com os seus vizinhos, e negociações com a Síria são parte disso. Mas os sírios também precisam compreender que isso significa sua absoluta dissociação do terrorismo, do Hizbollah, do Hamas e de seus elos problemáticos com o Irã".
A Síria reagiu dizendo rejeitar quaisquer condições impostas pelo Estado israelense para concluir um acordo. Afirmou, ainda, ter recebido garantias de que Israel fará uma retirada completa do Golã, território sírio ocupado desde 1967.
"Recebemos mensagens do governo israelense e do premiê [de Israel, Ehud Olmert], por meio dos [mediadores] turcos, que garantem que eles sabem o que os sírios querem", afirmou o ministro da Informação sírio, Mohsen Bilal. "Ele [o premiê] sabe que todas as colinas do Golã serão devolvidas à Síria e que Israel retornará às fronteiras de 1967."
Livni falou um dia depois que Israel e Síria anunciaram ter iniciado contatos por meio de intermediários na Turquia para obter uma "paz abrangente".
É a primeira tentativa em oito anos de resolver o conflito iniciado há décadas entre os dois países, mas muitos analistas acreditam que nenhum lado esteja em posição de fazer as concessões necessárias ao acordo. Ainda assim, Olmert disse ontem que os dois lados compreendem as posições dos antagonistas. "Os sírios sabem o que queremos, e nós sabemos o que eles querem."
Olmert deve enfrentar forte oposição interna à devolução das colinas do Golã à Síria. Eli Yishai, ministro do Comércio e líder do partido religioso ultra-ortodoxo Shas, disse que "a Síria continua a ser a fundação do eixo do mal". Já rivais políticos do premiê o acusam de uma jogada tática para desviar a atenção das recentes investigações contra ele por corrupção.


Tradução de PAULO MIGLIACCI

Com agências internacionais


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