São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 2011

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Lições de um calote

JULIANA ROCHA
DE SÃO PAULO

Terceiro dos três presidentes argentinos em 12 dias, Adolfo Rodríguez Saá assumiu em 23 de dezembro de 2001 anunciando a moratória da dívida na posse.
O mandato durou uma semana, mas as consequências da decisão duraram anos.
Só em 2005 a Argentina perdeu a pecha de caloteira, após reestruturar sua dívida.
A história se repete hoje na Grécia, que sofre recessão, alta da dívida e do desemprego, além de inflação.
Um mês antes do calote argentino, o governo fez uma reestruturação para alongar o prazo de pagamento de títulos. A mesma estratégia é usada agora para a Grécia.
Na Argentina, a reforma não deu certo porque os investidores exigiram juros maiores do que o país podia pagar. Veio a moratória.
O dinheiro estrangeiro voou para fora da Argentina, que teve recessão de 10,8%; a dívida do país saltou de 53% para 172% do PIB.
Três anos e meio depois da moratória, a Argentina negociou os títulos não pagos, com desconto de 80%.
Após a reestruturação de 2005, o endividamento caiu de 126% para 85% do PIB e seguiu em queda.
Analistas apontam esse exemplo argentino para a dívida grega, que pode chegar a 150% do PIB neste ano.
A economista Monica De Bolle, sócia da consultoria Galanto, alerta que o modelo seria um calote para a Grécia.
"Default é a suspensão do pagamento ou a redução do valor pago", diz ela.
Da Argentina, a Grécia pode obter inspiração sobre o que não fazer. Talvez pudesse olhar para o Uruguai, um dos poucos casos de reestruturação voluntária da dívida que deu certo, em 2003.


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