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Islâmicos esboçam acordo para a Somália
Em documento assinado no Sudão, milicianos se comprometem a não agredir o governo provisório
DA REDAÇÃO
O governo interino da Somália e as cortes islâmicas, que tomaram a capital Mogadício no
último dia 5, anunciaram ontem um acordo pelo qual se reconhecem mutuamente, evitam hostilidades e iniciam negociações a partir do dia 15.
Os Estados Unidos, enquanto isso, pediram aos grupos muçulmanos que extraditem três
estrangeiros supostamente
vinculados à Al Qaeda e envolvidos nos atentados contra as
embaixadas americanas no
Quênia e na Tanzânia, em 1998.
O compromisso entre o enfraquecido governo provisório
e os grupos muçulmanos foi firmado em Cartum, capitão do
Sudão, durante encontro patrocinado pela Liga Árabe.
O governo somali é reconhecido por uma pequena parcela
do país. Ele nunca funcionou
ou teve o controle de Mogadício. Funciona em Baidoa, uma
cidade provincial do sul.
A capital estava em mãos dos
chamados "senhores da guerra", apoiados nos últimos meses pelo governo americano por
serem, com suas milícias, as
únicas forças capazes de enfrentar os grupos islâmicas, que
Washington suspeita de vínculos com o terrorismo.
O governo provisório achava
que as forças islâmicas queriam
tomar de assalto Baidoa, intenção que elas negavam. Com a
abertura de negociações, os
"senhores da guerra" -chefes
tribais que dividiram o poder
desde o colapso do Estado, no
início dos anos 90- ficaram
agora mais enfraquecidos.
O acordo de ontem foi assinado pelo presidente sudanês,
Omar Hassan al Bashir, pelo
presidente interino da Somália,
Agdullahi Yusuf, e pelo secretário-geral da Liga Árabe, Amr
Moussa. O líder das cortes islâmicas, xeque Sharif Ahmed,
não estava presente. Mas enviou uma delegação de dez pessoas para as negociações.
O grupo islâmico é chamado
de "corte" porque, há pouco
menos de 15 anos, as mesquitas
passaram a julgar litígios e a
substituir os cartórios, em razão do colapso do Judiciário.
Funcionando também como
substitutas da Previdência Social -arrecadavam impostos e
sustentavam viúvas e enfermos-, elas se enquadraram
num modelo também adotado,
por exemplo, pelo Hamas nos
territórios palestinos.
Sharif Ahmed nega querer
instituir uma república islâmica. Mas o governo americano
desconfia ser essa a intenção
dele e de seus seguidores, o que
faria da Somália uma base de
extremistas bastante assemelhada ao Afeganistão.
Com agências internacionais
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