|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo dos EUA acessa dados bancários sigilosos
Operação secreta começou após o 11 de Setembro e é monitorada pelo Tesouro
Movimentações rastreadas
chegam a US$ 6 trilhões por
dia. Ação se soma à quebra
e gravação de conversas
telefônicos dentro do país
DO NEW YORK TIMES
Agindo segundo um programa secreto do governo de George W. Bush iniciado semanas
após os ataques de 11 de Setembro, agentes do contra-terrorismo passaram a ter o acesso
ao registro de informações financeiras de um grande banco
de dados internacional e a examinar transações bancárias envolvendo milhares de americanos e estrangeiros no Estados
Unidos, segundo autoridades
do governo e de bancos.
O programa é limitado, segundo eles, a rastrear as transações de pessoas suspeitas de ligações com a Al Qaeda, a rever
os registros no centro do sistema bancário global, uma organização belga que encaminha
cerca de US$ 6 trilhões por dia
em transações entre bancos,
corretoras, bolsas de valores e
outras instituições.
Os registros, em sua maioria,
são sobre transferências a cabo
e outros tipos de movimentação entre continentes e dos
EUA com o exterior. A maioria
das transações financeiras rotineiras do país não estão no banco de dados. Visto pelo governo
Bush como um instrumento vital, o programa teve um papel
secreto nas investigações do
terrorismo no país e no exterior desde 2001 e colaborou para a captura do mais procurado
integrante da Al Qaeda do sul
da Ásia, dizem as autoridades.
A operação, que passava ao
largo da CIA (agência de inteligência dos EUA) e supervisionada pelo Departamento do
Tesouro, "nos deu uma visão
única e poderosa das operações
das redes terroristas e é, sem
dúvida, um ação legal das nossas autoridades", disse Stuart
Levey, subsecretário do Departamento do Tesouro, ontem.
Segundo Levey, foram tomadas várias medidas de segurança para proteger os dados dos
americanos de qualquer abuso.
No entanto, o programa é
uma forte demonstração da
prática usada pelo governo para obter os dados dos americanos. Os funcionários do Tesouro não pediram nenhuma autorização à Justiça para a quebra
de sigilo de cada conta individualmente.
Tal acesso a tamanha quantidade de informações era visto
como incomum, dizem muitos
funcionários do governo, e levantavam preocupações internamente sobre a legalidade e o
direito à privacidade. "O potencial para um abuso é enorme",
disse uma ex-autoridade das
ações anti-terroristas.
O programa não tem relação
com as ações da Agência Nacional de Segurança para quebrar
o sigilo e gravar ligações telefônicas -que provocou um forte
debate público e gerou ações na
Justiça contra o governo e as
empresas de comunicações.
Mas todos os programas desse
tipo surgiram da ação do governo Bush contra o terrorismo e
refletem as tentativas de quebrar consagradas barreiras legais e institucionais para o
acesso do governo a informações privadas.
Texto Anterior: Opinião: Esquecido pelo Ocidente, país virou lodaçal Próximo Texto: EUA minimizam poderio da Coréia do Norte Índice
|