Sob críticas de Morales, 80% dos eleitores dizem "sim" em consulta no departamento, aponta pesquisa de boca-de-urna

Votação na região, que tem 85% das reservas de gás da Bolívia, transcorreu tranqüila; resultado final da eleição só sai amanhã

David Mercado/Reuters

Mulheres bolivianas favoráveis à autonomia comemoram vitória do "sim" em rua de Tarija

DA REDAÇÃO

Pesquisa de boca-de-urna realizada pela TV ATB apontam que o "sim" obteve 80% dos votos no referendo sobre a autonomia do departamento boliviano de Tarija. A enquete diz que 20% votaram pelo "não", e a abstenção foi de 28%.
Outras pesquisas também indicam vitória do "sim": 79% a 21%, segundo a Unitel, e 80,2% a 19,8%, segundo a PAT. O resultados finais devem ser conhecidos amanhã. Caso sejam confirmados, Tarija será o quarto departamento boliviano a aprovar em referendo sua autonomia em relação a La Paz -os anteriores foram Santa Cruz, Beni e Pando.
Mas o governo do presidente Evo Morales não reconhece a legitimidade da votação no departamento de Tarija, que possui 85% das reservas de gás natural do país.
Segundo Iván Canelas, porta-voz do governo, "não pode haver um estatuto autonômico sem que antes seja modificada a Constituição. Portanto, o governo declarou claramente que esse referendo não tem nenhum efeito legal e não terá nenhuma repercussão futura".
Canelas também acrescentou que o referendo representou um gasto enorme para o Tesouro, de cerca US$ 900 mil, divididos entre organização e realização.
Houve alguns incidentes isolados durante a votação, mas segundo o presidente da Corte Eleitoral, Mario Guzmán, a baixa de eleitores foi "mínima".
Porém, segundo a mídia local, muitos locais de votação em Yacuiba e Bermejo -onde estradas foram bloqueadas por opositores do referendo- permaneceram fechados por falta de garantias. No sábado, uma estação de TV local sofreu um ataque a dinamite, mas só houve danos materiais.
Com 173.231 eleitores e uma população total de 391.226 pessoas, Tarija, assim como os outros três departamentos que já realizaram referendos autonômicos, querem mais controle sobre os impostos.
Morales, porém, disse que eles devem repartidos com as regiões mais pobres. Eles também querem proteger suas fazendas da reforma agrária que o presidente pretende implantar.