ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, receberá hoje, na Casa Rosada, os quatro líderes das entidades agropecuárias argentinas que comandavam até a última sexta-feira um locaute do setor. Cristina convocou os quatro dirigentes para uma reunião "como um gesto político", quatro dias depois de os ter acusados de desestabilizadores em um discurso.
A reunião ocorre em meio a uma crise entre o governo e o campo que já dura mais de cem dias e que foi provocada pelo aumento de impostos às exportações de grãos pelo governo. A medida gerou um locaute agropecuário, bloqueios de estradas, panelaços e desabastecimento.
Na semana passada, a presidente cedeu a uma das exigências dos ruralistas e enviou para o Congresso o projeto de lei que determina o aumento de impostos.
"Não é para ficarmos exaltados, mas na mesma semana se abre a discussão no Congresso e seremos recebidos pela presidente", disse o presidente da Federação Agrária, Eduardo Buzzi, ao confirmar que o convite é "um bom gesto".
A partir de hoje, o projeto será avaliado pelas comissões de Agricultura e Orçamento do Congresso, e a oposição já prepara propostas alternativas à oficial.
O governo tem maioria na Câmara de Deputados e no Senado, mas muitos parlamentares kirchneristas, principalmente os que têm base eleitoral no campo, crêem que é preciso fazer mudanças no projeto que determinou as retenções.
Depois de os ruralistas suspenderem os bloqueios de estradas pelo país, na última sexta-feira, o abastecimento de alimentos e combustíveis no país começou a se normalizar. O problema agora é recuperar os preços pré-crise, já que vários produtos que escassearam sofreram fortes aumentos.


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