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Conservador é eleito novo presidente da Câmara britânica
John Bercow, 46, substitui o trabalhista Michael Martin, forçado a renunciar pelo escândalo do mau uso de verbas
Vencedor diz que eleitor britânico está decepcionado com o Parlamento do país
e que é preciso promover reformas e controlar gastos
DA REDAÇÃO
John Bercow, 46, um integrante moderado do Partido
Conservador, foi eleito ontem o
novo presidente da Câmara dos
Comuns britânica, ao angariar
o apoio de muitos parlamentares do partido majoritário, o
Trabalhista, e vencer outros
nove candidatos.
A eleição de Bercow se segue
aos efeitos políticos das acusações de malversação de verbas
por parlamentares do Reino
Unido. Ele fez campanha prometendo reformas no controle
de gastos da Casa, recuperação
da confiança dos eleitores no
Parlamento e maior poder de
decisão para os parlamentares
ante à minoria que compõe o
governo e os principais quadros
da oposição.
A eleição de ontem foi incomum por duas razões. Foi a primeira a ser realizada por voto
secreto e a primeira a escolher
um substituto para um presidente forçado a se afastar do
cargo em mais de 300 anos.
Deve-se ao escândalo dos
gastos supérfluos ou irregulares, que perpassaram todo o espectro político britânico, a queda do presidente anterior da
Câmara, Michael Martin.
Ele perdeu apoio político
quando se tornou público que
se esforçara para impedir a liberação de informações sobre o
uso de verbas extrassalariais
por parte de seus colegas.
O próprio primeiro-ministro
Gordon Brown, que perdeu popularidade com o escândalo,
afirmou à época da queda de
Martin que o Parlamento funcionava como um "clube de cavalheiros" privado, sem escrutínio público.
Bercow, tido como reformista, no entanto, provavelmente
não terá diretamente sob sua
responsabilidade a supervisão
dos gastos feitos pelos colegas.
Como parte da reação à perda de prestígio e de apoio político, o primeiro-ministro apresentou um projeto de lei que
cria um conselho independente para fiscalizar com imparcialidade o uso que os parlamentares fazem do dinheiro extrassalarial a que têm direito.
De toda forma, como o presidente tem como uma de suas
funções organizar a pauta de
votações da Câmara dos Comuns, Bercow poderá participar do prometido processo de
mudanças na Casa. "Boa parte
dos eleitores está enraivecida e
decepcionada; temos que promover as reformas", disse ele
ontem a seus colegas.
Para participarem do processo, cada 1 dos 10 candidatos teve que contar com o apoio de
pelo menos 15 parlamentares,
provindos de mais de um partido. A cada rodada de votação, os
que não atingissem 5% dos votos eram excluídos, e outros,
aparentemente sem chances,
eram exortados a desistir.
Na última eleição, já de noite,
Bercow recebeu 322 dos 593
votos válidos.
Com agências internacionais
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