DE BUENOS AIRES

Numa campanha sem discussão de propostas, um programa humorístico de TV é uma das principais fontes de informação política na Argentina.
Trata-se do "Gran Cuñado" (Grande Cunhado), uma paródia política do "Big Brother", exibida no programa de Marcelo Tinelli, o apresentador mais famoso do país.
No quadro, imitadores dos principais políticos do país fingem interagir em uma casa, reforçam traços caricatos, vão ao "paredão" e são eliminados pelo público. O programa tem marcado 30 pontos de audiência -cerca de 3 milhões de telespectadores.
Uma pesquisa do Centro de Opinião Pública da Universidade de Belgrano apontou que a TV é a principal fonte de informação sobre a atual campanha eleitoral, com 36% das respostas. "Muitos citam o programa [Gran Cuñado] como fonte de informação", diz o estudo, sem precisar o percentual.
"O que Tinelli promove é a possibilidade de a política causar simpatia à população, porque quando se desliga a TV o panorama político é desolador", afirma o analista político Jorge Giacobbe.
O estudo da Universidade de Belgrano registrou ainda baixo nível de informação sobre a campanha -22% dos entrevistados não souberam mencionar o nome de nenhum candidato, e 39% reconheceram só um postulante.
"Tendo em vista a proximidade das eleições [próximo domingo], os dados são alarmantes", afirma Orlando D'Adamo, diretor do centro.
Sobre a influência do "Gran Cuñado", 49% afirmaram acreditar que o programa prejudica os políticos, e 33%, que os beneficia. Atentos à repercussão do programa, seis políticos já aceitaram convites para participar do humorístico e interagir com suas imitações. Kirchner, contudo, ainda não confirmou participação. (TG)


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