São Paulo, quarta, 23 de julho de 1997.



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REVELAÇÃO
Arquivo do governo dos EUA diz que igreja guardou dinheiro roubado de vítimas dos alemães na Croácia
Documento liga Vaticano aos nazistas

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
de Nova York

Um documento do Departamento do Tesouro norte-americano acusa o Vaticano de ter guardado o equivalente a R$ 155 milhões (em valores atualizados) que nazistas na Croácia teriam tirado de sérvios, judeus e outros perseguidos políticos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45).
Datado de 21 de outubro de 1946, o documento, que permaneceu secreto durante mais de 50 anos, teria aparecido depois que Stephen Crisman e Gaylen Ross terminaram de produzir um documentário de duas horas para uma emissora de TV sobre a descoberta de ouro nazista em bancos suíços.
O documento menciona todos os valores em francos suíços e atribui a informação a "uma fonte confiável na Itália". Segundo o documento, 350 milhões de francos suíços (R$ 271 milhões hoje) foram confiscados da Croácia, então parte da Iugoslávia e sob influência nazista, sendo que 150 milhões teriam sido tomados por autoridades britânicas.
Depois da derrota dos nazistas, Ante Pavlevic, um dos principais líderes dos massacres na Croácia, teria fugido para a Espanha ou para a Argentina.
Um grupo de historiadores, que acusa o Vaticano de ligação com o regime de Pavlevic, acredita que os restantes 200 milhões de francos suíços esteja até hoje com a Igreja Católica.
Outra hipótese é de que os recursos tenham seguido com Pavlevic para a Espanha ou a Argentina.
A denúncia irritou representantes do Vaticano (leia texto ao lado).
Repercussão
O presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, acha que a investigação sobre o ouro nazista deve continuar.
"É um dinheiro retirado das vítimas do Holocausto", afirmou. "Nada mais justo do que apurarmos o que aconteceu."
Em nenhum momento, no entanto, Clinton chegou a dizer se acreditava ou não no envolvimento do Vaticano no desaparecimento dos 200 milhões de francos suíços de perseguidos da Croácia durante a Segunda Guerra.
"Até que cheguemos a uma conclusão, temos muito trabalho pela frente", disse Clinton. "E vamos continuar trabalhando duro até que saibamos que fizemos todo o possível para apurar o que realmente aconteceu."
O Departamento do Tesouro norte-americano tem aproximadamente 15 milhões de documentos relacionados ao destino do ouro nazista depois da derrocada do regime de Adolf Hitler.
O documento que cita o Vaticano, que foi analisado pelo produtor Gaylen Ross, foi distribuído para historiadores e agências de notícia, com o objetivo de checar sua autenticidade.



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