|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIPLOMACIA
Sérgio Vieira de Mello, 54, deve ser o próximo alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos
Brasileiro chefia direitos humanos na ONU
DA REDAÇÃO
O brasileiro Sérgio Vieira de
Mello, 54, foi indicado ontem pelo
secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, para dirigir o Alto Comissariado de Direitos Humanos, em
substituição à irlandesa Mary Robinson, 57. Esse será o mais importante cargo ocupado por um
brasileiro na organização.
A Assembléia Geral tem ainda
de referendar seu nome, mas a expectativa é que a aprovação seja
fácil, como afirmou Fred Eckhard, porta-voz das Nações Unidas. Hoje mesmo, segundo Eckhard, a votação deverá ir ao plenário, em Nova York. O alto comissário tem um mandato de
quatro anos, que pode ser renovado uma vez.
Logo após divulgada a indicação, os EUA declararam apoio ao
brasileiro, no que logo foram seguidos pelos britânicos.
Jeremy Greenstock, embaixador do Reino Unido nas Nações
Unidas e atual presidente do Conselho de Segurança, afirmou que
"a história de Sérgio como funcionário da ONU e como administrador de Timor Leste é bem conhecida". "Ele vai se mostrar um
excelente sucessor da atual comissária", disse.
"Ele é obviamente um administrador e um diplomata muito experiente", disse Johanna Weschsler, a representante na ONU do
grupo de defesa de direitos humanos Human Rights Watch, que
era um dos principais apoiadores
de Mary Robinson.
Carreira na ONU
Nascido no Rio de Janeiro, Vieira de Mello nunca fez parte dos
quadros do Itamaraty, sendo funcionário de carreira da ONU desde 1969. Doutorado em filosofia e
em ciências sociais na Universidade de Paris, sua carreira foi
construída principalmente no Acnur (Alto Comissariado da ONU
para Refugiados), que tem sua sede em Genebra, na Suíça, onde
ocupou vários cargos relevantes.
Ele foi nomeado para o posto de
subsecretário-geral das Nações
Unidas para Assuntos Humanitários em 1998.
Em junho de 1999, foi chamado
para assumir a chefia interina da
administração das Nações Unidas
em Kosovo, após o fim dos bombardeios da Otan (aliança militar
ocidental). Em julho daquele ano,
a ONU o substituiu pelo então ministro da Saúde da França, Bernard Kouchner.
Em outubro de 1999, Sérgio
Vieira de Mello foi indicado chefe
da administração da ONU para
Timor Leste -o território havia
decidido sua independência em
relação à Indonésia em agosto daquele ano. O mandato do brasileiro terminou em maio passado.
Depois disso, ele esteve em férias, viajando pelo Vietnã.
Cargo polêmico
Criado em 1994, o cargo de alto
comissário para direitos humanos teve até agora apenas dois
ocupantes: o diplomata equatoriano José Ayala e a irlandesa
Mary Robinson.
A permanência de Robinson,
que foi indicada em 1997, vinha
sofrendo oposição de países-membros poderosos criticados
por ela (leia texto abaixo).
A maioria das principais organizações não-governamentais de
defesa dos direitos humanos, entretanto, era elogiosa em relação
ao trabalho da irlandesa.
O Alto Comissariado tem um
orçamento anual de cerca de US$
50 milhões e emprega cerca de
200 funcionários. A entidade é
responsável por programas de assistência técnica em 50 países.
Entre esses programas destacam-se os de assessoria a governos nacionais para a formação,
com foco nos direitos humanos,
de corpos policiais e militares.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Vaticano: Papa viaja ao Canadá, México e Guatemala Próximo Texto: "Cargo é campo minado", diz Vieira de Mello Índice
|